domingo, 21 de julho de 2013

[Fanfic] Maboroshikutemo - Capítulo 4



Capítulo 4 –  Shizuka na Yoru ni (Na Noite Silenciosa)

Na esperança de descobrir algo que pudesse usar contra Yuuki, Ryo havia contratado um detetive. Uma semana inteira passara desde a estranha conversa que tiveram, e o detetive ainda não havia conseguido nada. Ele não podia esperar mais para agir, mas não conseguia pensar em nada.
Sentado no banco alto em frente ao balcão do bar onde costumava beber, Ryo nem percebera que alguém havia se sentado ao seu lado, até que este abanasse a mão em frente à cara do outro.
– Ah, gomen. – Ryo desculpou-se, dirigindo-se a Jun, que já tinha um copo de cerveja em mãos.
Jun sabia que Ryo iria fazer algo contra Yuuki, e num impulso foi até o bar tentar descobrir seus planos. Os dias que se passaram foram suficientes para que Jun organizasse sua cabeça, mas ainda não conseguira falar com Yuuki. Ele sabia que não conseguiria evitá-la por muito mais tempo.
Daijobu. – Jun respondeu, bebericando a cerveja.
– Né, foi você que me levou pra casa aquele dia?
– Hai... eu ficaria com a consciência pesada se te deixasse aqui. – Jun não queria falar com ele. Sentia nojo, mas era pelo bem de Yuuki e, consequentemente pelo bem de sua carreira.
Arigatou. – Ryo tentava se lembrar daquela noite, mas em sua mente, tudo não passava de um borrão. Ele sabia que era fraco para bebida, mas insistia em se embebedar cada vez que surgia um problema – Eu falei algo estranho?
– Acho que não, – Jun arqueou as sobrancelhas, como se estivesse tentando se lembrar – só reclamou da escolha do Kitagawa-san para sua sucessora... Como é o nome dela mesmo?
– Maeda Yuuki. – respondeu num impulso, a fala impregnada de ódio.
– É, isso mesmo. – ele estava chegando onde queria – Mas qual o problema com ela? Até agora, me pareceu bem certinha...
– Nada demais... só não fui com a cara dela. – preferiu deixar seu passado longe daquela conversa.
– Quero ver quando vazar para a imprensa essa história dela estar assumindo a agência... – Jun disse inocentemente, rindo.
Ryo sentiu como se uma luz surgisse em sua cabeça. De fato, contar isso para a imprensa seria uma boa maneira de enlouquecê-la e era a única coisa que podia usar a seu favor agora. Talvez, ao ver a reação dela, Johnny Kitagawa desistiria de sua escolha.
– Nishikido-san? – Jun chamou, percebendo o repentino silêncio de Ryo.
                – Ah, verdade! Como seria a reação dela, né? – sorriu, virando o copo de cerveja como se fosse uma única dose.
                Jun despediu-se logo, antes que Ryo ficasse completamente bêbado e tivesse que leva-lo para casa de novo. Não havia conseguido descobrir os planos dele, e tampouco achava que conseguiria.
               

                Kumiko convocara uma reunião do grupo nas primeiras horas da manhã para passar agenda deles – reuniões desse tipo ocorriam toda semana – e, como de costume, Jun se atrasara. Os outros quatro e a manager já ocupavam seus lugares à mesa. Sho havia marcado a reunião com Johnny Kitagawa para o mesmo dia.
                – Como ele consegue se atrasar sempre? – Sho reclamou, coçando os olhos.
               – É o jeito MatsuJun de ser... – Aiba sorriu, bebendo um grande gole de seu café – Falando nele, ele parece melhor, né?
                – Melhor? – Ohno bocejou enquanto falava.
                – Ele estava tomando remédios durante os shows em Nagoya. Vocês não perceberam, né? – Aiba não estranhou que só ele tivesse notado, afinal, Jun tomara cuidado para que ninguém percebesse que não estava bem.
                – Hum, não percebi... mas agora que você falou, ele parecia mais cansado que o normal, ao fim do show. – Nino observou, sem tirar os olhos do DS.
                – E ele estava mais irritado também. – Sho completou – Ele realmente odeia ficar doente.
– Quem odeia? – Jun falou, sentando-se à mesa. Entrara tão silenciosamente, que só perceberam sua presença quando este falou. – Era só um resfriado.
– Você estava ouvindo? – Aiba sentiu a face ruborizar. Sempre evitava falar de Jun na frente dele.
– Só o que o Sho disse... mas deu pra perceber que era de mim que estavam falando. – tirou os óculos e tomou um grande gole de água.
– Chega de papo! – Kumiko exclamou – Vamos às agendas. Sakurai-san... – ela começou a enumerar os compromissos enquanto Sho acompanhava em seu celular.
Quase uma hora depois, com as agendas devidamente organizadas, Kumiko deixou a sala, correndo para uma reunião com patrocinadores.
– Se nós não corrêssemos mais que ela, eu poderia dizer que sinto pena... – Nino analisou – mas não. – abrindo o DS.
                Jun cruzou as pernas, folheando o script. As filmagens começariam em cinco semanas e como as locações de gravação ficavam no interior, Jun sabia que mal teria tempo pra dormir. A escritora do dorama era uma das melhores e mais exigentes e suas tramas sempre conseguiam bons índices de audiência. O contrato já havia sido assinado e agora, Jun tentava conhecer seu personagem para que pudesse desempenhá-lo com maestria.
                Seus olhos passavam lentamente pelo papel, analisando cada nuance do personagem. Os outros quatro discutiam sobre a reunião que aconteceria em breve com Johnny Kitagawa. Sho estava começando a ficar nervoso.
                – Eh? – Jun exclamou, sem tirar os olhos do script, fazendo com que Sho desse um pulo de susto.
                – O que foi, MatsuJun? – Sho disse, se recuperando do susto.
                – Essa maluca! – Jun urrou, apontando para o papel em suas mãos – A reunião é daqui a pouco, né?
                – Que reunião? – Aiba estava atônito– Ah, com o Kitagawa-san? É sim!
                – Vou na frente! Nos encontramos lá. – Jun disse, deixando a sala, os quatro sem entender o que acontecera.
                – Eu já disse que ele é estranho? – Nino comentou, boquiaberto.
                – Hoje ainda não. – Ohno respondeu.
                – Ele é estranho. – Nino anunciou, sorrindo amarelo e voltando os olhos para o jogo em seguida. Os outros caíram na gargalhada.

               
                – Preciso falar com o Johnny-san. – Jun falou para a secretária, ofegante. Correra todo o percurso até a sala do chefe.
                – Só um momento. – ela disse, pegando o telefone; murmurou algumas coisas e logo levantou, acompanhando-o até a sala do chefe. Abriu a porta e deixou que ele entrasse, fechando-a em seguida.
                – Espero que não tenha nada a ver com aquela história da outra vez... – Kitagawa falou, os olhos na tela do computador.
                – Não, senhor. – Jun disse, estendendo o script – leia, por favor.
                Johnny Kitagawa tomou o papel e, abaixando os óculos até a ponta do nariz, pôs-se a ler.
                – É do seu novo GETSU-9. – anunciou, devolvendo o papel.
                – Senhor, leia até o final. – Jun sentou-se na cadeira em frente à mesa polida enquanto o chefe retomava a leitura.
                Jun soube que ele havia chego à parte que interessava quando o viu balançar a cabeça, a boca formando uma linha fina e apreensiva.
                – Ela não pode exigir que simule um acidente de carro sem dublê! – ele disse finalmente, passando a mão nos cabelos grisalhos – Há muitos riscos... você não tem experiência e nem mesmo treinamento para isso!
                – Senhor, o contrato já foi assinado, não posso voltar atrás. – Jun informou, esperando que o chefe encontrasse uma solução.
                O telefone tocou estridente e a secretária anunciou os outros membros do Arashi. A hora da reunião chegara.
                – Mande entrar. – Kitagawa falou, logo voltando sua atenção para Jun. – Matsumoto, irei contatá-la logo após a reunião e lhe dou um retorno.
                Jun seguiu-o até um jogo de sofás disposto de modo a formar um quadrado. Johnny sentou-se numa poltrona e Jun acomodou-se num sofá em sua frente. Logo os outros entraram e acomodaram-se também. Enquanto Sho contava sua história, todos puderam ver os olhos do chefe se arregalando e quando ele finalmente disse que se casaria, os olhos do chefe pareciam querer saltar das órbitas.
                Quando conseguiu se recompor, perguntou se os outros abdicariam do casamento em favor de Sho. Diante à concordância mutua, ele não tinha escolha senão aprovar o casamento. Pedindo que aguardassem seu ok para anunciar publicamente, Johnny Kitagawa apertou a mão de Sho e desejou-lhe felicidade com a nova família. Pediu também que não perdesse o foco em sua carreira e que continuasse lutando pela união do Arashi.
                A reação do chefe fora dentro do esperado, e Sho não tinha mais o que temer. Um sorriso amarelo estava estampado em sua face enquanto mandava um sms para Koharu, contando sobre a reunião. Logo poderia ser feliz com ela e seu filho que estava por vir.
                Jun ficou para trás, enquanto os outros deixavam a sala parabenizando Sho.
                – Matsumoto! – Johnny chamou – Daqui a pouco te aviso sobre o GETSU-9. – apontou para o próprio celular, e Jun pôde perceber que ele tentava engolir o casamento de Sho ainda.
                – Hai. – Jun tomou o próprio celular em mãos, enquanto deixava a sala.
                Ele realmente estava ansioso para o dorama, afinal, era um GETSU-9. Grande parte da equipe já era conhecida e trabalhara até mesmo com a escritora maluca. O personagem era fascinante, e ele adorava encarar desafios de atuação, mas o que a autora pedira era muito até para ele.
                Entrou no Note Medalist resmungando sobre a demora no conserto do outro carro. Durante todo o percurso até o estúdio do Arashi ni Shiyagare, manteve os olhos no celular.
                Apagou o cigarro ao entrar no estúdio, e enquanto a maquiadora terminava, sentiu o celular vibrar.
                – Hai, Matsumoto desu. –atendeu imediatamente, sem nem olhar o remetente.
                – Matsumoto-san, Maeda deshita. – Jun estranhou ao ouvir aquela voz.
                – Hai? – foi a única coisa que conseguiu dizer.
                – Meu... Kitagawa-san contatou o assessor da Kazuma-san, a escritora do dorama. Ela está no interior, incomunicável até o início das filmagens. – Yuuki informou, seguindo as ordens do chefe.
                – Mas... eu preciso resolver isso urgente. – Jun reclamou, perguntando-se porque não fora o próprio Johnny Kitagawa que ligara.
                – Kitagawa-san sugeriu que você fosse encontrá-la. O assessor dela deixou o endereço e não é muito longe de Tóquio.
                – Vou hoje mesmo. Preciso convencê-la a deixar que eu use dublê, ou terei que começar a treinar de alguma maneira. – Jun concluiu – Pode me passar o endereço?
                – Kitagawa-san insistiu para que um de seus assessores o acompanhasse.
                – Certo. – Jun sabia que não adiantava teimar quando eram ordens diretas do chefe – Que horas?
                – Cinco minutos pra gravar! – um staff passou por ele, anunciando.
                – Seu último compromisso do dia é uma sessão de fotos às 15 horas, não é? – Yuuki conferiu a agenda dele.
                – Hai. – concordou.
                – Então esteja aqui na agência às 18 horas. – disse, desligando antes que Jun pudesse dizer qualquer coisa.
                Jun largou o celular, resmungando pela falta de educação dela e preparou-se, ao lado dos outros, para a gravação.
               
                A sessão de fotos terminou mais cedo que o previsto, então Jun voltou para sua casa, tomou um demorado banho no ofurô e separou uma muda de roupas, caso precisasse pernoitar, colocando-as numa mochila de couro. Secou os cabelos e dirigiu calmamente até a JE. Chegou exatamente às 18 horas, um tipo de pontualidade anormal para ele.
                Ao estacionar, percebeu uma mulher caminhando em sua direção. Só conseguiu ver seu rosto quando estava a poucos centímetros do carro.
                – É bom que seja pontual. – Yuuki falou, sorrindo. Já sabia da fama de falta de pontualidade dele.
                – Cadê o tal assessor? – Jun reclamou, sem sair do carro.
                – Sou eu que vou com você. – era visível que ela gostara da ideia tanto quanto ele – Johnny Kitagawa-san insistiu para que eu fosse.
                – Se não tenho outra opção... – ele resmungou – Entra aí e vamos logo!
                – Eu não coloco meus pés dentro desse carro escandaloso de jeito nenhum! – fez cara de nojo.
                – É por sua culpa que estou tendo que usá-lo. – reclamou, deixando claro que também não gostava do carro.
                – Desça logo daí e vamos! – Yuuki impacientou-se, dando as costas para Jun e seguindo na frente.
                Ele pegou a mochila, pendurando-a sobre um dos ombros e apressou-se em segui-la.
                – As chaves. – Jun esticou a mão, esperando que ela entregasse.
                – Meu carro sou eu quem dirige. – entrou pela porta do motorista de um sedan prateado.
                – Você não conhece a estrada. – ele observou.
                – Tenho GPS. – ela bateu fraquinho sobre a tela do aparelho.
                – Eu não confio em você! Estragou toda a traseira do meu carro parado, imagina o que pode fazer numa rodovia. – ele ainda estava do lado de fora quando Yuuki deu a partida.
                – Você vai? – fechou sua porta – Aquilo foi um acidente... eu nunca tinha batido em nada antes!
                Jun abriu a porta do passageiro, jogando sua mochila no banco de trás enquanto resmungava.
                – Não tenho outra opção né? – questionou, enquanto colocava o cinto de segurança.
                – Não mesmo. – ela sorriu, acelerando.
                Jun colocou os fones nos ouvidos, ligando a música em seu celular no volume máximo. Sentia seus ouvidos irritados e sua cabeça ameaçava explodir, mas não queria falar com ela. Fechou os olhos. Tampouco queria vê-la. Ela o irritava profundamente.
                Passado algum tempo, ele estava quase dormindo quando Yuuki o cutucou. Enquanto tirava os fones ouviu-a murmurando algumas coisas em mandarim. Ele não falava, mas com certeza entendia mandarim.
                – Ei! – ela chamou novamente. O céu estava totalmente escuro e a estrada era iluminada pelos faróis do carro.
                – Nani? – Jun resmungou.
                – Converse comigo! – ela ordenou, sem tirar os olhos da estrada. Algumas gotas de chuva vinham de encontro ao para-brisa.
                – Porque eu deveria? – ele colocava o fone novamente.
                – Sinto muito sono quando dirijo de noite. – falou baixinho. Realmente não queria ter que pedir isso a ele.
                – Eu falei que era melhor eu dirigir. – reclamou, de novo.
                – Já disse que só eu dirijo meu carro! – a chuva parecia estar aumentando.
                – Não quero morrer. – Jun disse, desligando a música e enrolando os fones.
                – Estava tão alto que eu conseguia ouvir. – Yuuki constatou, referindo-se aos fones.
                – Então vamos ligar isso aqui, agora. – Jun ligou o som do carro, e para sua completa perplexidade começou a tocar sua música preferida dos “Beatles”.
                – Você estava ouvindo essa agora há pouco. – Yuuki sorriu, e Jun percebeu que era a primeira vez que a via sorrir naturalmente.
                Um relâmpago cortou o céu, iluminando a estrada, e em seguida veio o estrondo do trovão que fez o carro todo tremer. Jun pôde ver uma vaca atravessando a rodovia em disparada quando Yuuki freou bruscamente, mas não rápido o suficiente para evitar a colisão.



Continua...

domingo, 7 de julho de 2013

[Fanfic] Maboroshikutemo - Capítulo 3


Capítulo 3 – Mada Minu Sekai e (Para um mundo que ainda não vimos)

                Os primeiros passos dentro de um mundo diferente confundem a cabeça de qualquer um.

                Durante toda a semana que se seguiu, Jun esforçou-se em suas tarefas normais, perguntando-se se não seria melhor que não tivesse descoberto o segredo de Ryo e Yuuki. Evitava dirigir-se a ela agora, temendo dizer algo desnecessário.
                Yuuki estranhou ao ver que Jun desistira tão facilmente de agradá-la e chamava o Arashi para reuniões diárias como desculpa para vê-lo e desvendar seu tão inesperado silêncio. Talvez tivesse o julgado errado.
                Enquanto seu melhor carro estava no conserto, Jun usava um indiscreto carro dourado que ganhara da Nissan. As vendas daquele modelo foram maiores do que o esperado e eles acreditavam que era por Jun ter aparecido no CM, por isso, o presentearam com aquele modelo.
                Por sorte, não encontrou mais Ryo pelos corredores. Ele estava gravando um novo dorama e passava pouco tempo na agência. Tinha medo de que ele tocasse naquele assunto.
               
                Sho dirigia até a JE, as juntas brancas do dedos saltando sobre o volante. Estava tenso e não conseguia nem disfarçar. Tinha medo da reação dos quatro, e ainda mais medo da reação do chefe.
                Certamente, Maeda-san seria mais flexível que Johnny Kitagawa, mas não podia esperar até que ele se aposentasse. Não podia mais adiar essa decisão. Cometera um deslize e tinha que lidar com isso, mesmo que fosse difícil para o restante do grupo.
                Enquanto esperava o elevador, afundou as mãos nos bolsos das calças e enterrou sua cabeça no cachecol, escondendo a boca e parte de suas bochechas rechonchudas.
                Chegara cedo e a sala estava vazia, então sentou-se, colocando os fones nos ouvidos. Ligou uma música qualquer. Não estava de fato ouvindo, só tentando relaxar.
                Nino chegou em seguida, os olhos ainda inchados de sono. Tirou o DS do bolso e pôs-se a jogar, praticamente ignorando a presença de Sho ali. Era muito cedo para que Nino conseguisse puxar assunto e preferiu não desconcentrar Sho.
                Ohno, com sua eterna cara de sono sentou-se ao lado de Nino, e depois de alguns minutos observando-o jogar, na esperança de que ele largasse o game lhe desse alguma atenção, desistiu. Abriu uma revista de pesca.
                Aiba entrou na sala cantarolando. Trazia em mãos um saco de papel do qual tirou cinco cheeseburguers e distribuiu, sorrindo.
                –Trouxe café da manhã, Aiba-chan? – Sho riu, tentando esconder sua tensão.
                – Eu estava com fome, então acabei trazendo para todos.  – Aiba abocanhou um grande pedaço de seu cheeseburguer.
                – Vou buscar algo para bebermos, – Ohno levantou-se – já que o MatsuJun está atrasado mesmo.
                – Arigatou Aiba-chan, Oh-chan. – Nino sorriu amarelo, feliz por não pagar pelo café da manhã.
                Assim que Ohno deixou a sala, Jun entrou e sentou-se diretamente em frente à Sho. Murmurou um “ohayou” e pôs-se a ler o script de seu novo dorama. Não podia exigir pontualidade de ninguém quando era ele quem sempre se atrasava.
                Aiba empurrou um cheeseburguer para ele, deslizando sobre a mesa polida.
                – Tomei café em casa. – Jun resmungou, empurrando na direção de Nino – Nino, pode comer.
                – Arigatou gosaimasu! – Nino exclamou enquanto desembalava o segundo cheeseburguer – O Riida está demorando... minha garganta tá seca.
                – Além de ganhar o café da manhã, fica reclamando da demora... – Jun murmurou baixinho, sabendo que os outros ouviriam.
                – Vai começar... – Nino disse, abrindo o game novamente.
                Sho estava ensaiando seu discurso mentalmente e nem ouviu a reclamação de Jun. Só quando Ohno colocou um copo de isopor na sua frente, foi que percebeu que estavam todos ali.
                – Latte para o Sho-kun, – Ohno disse, enquanto entregava os copos, tirando-os do suporte de plástico – Macchiato pro Aiba-chan, Soda gelada para o Kazu, café preto pra mim e Capucchino descafeinado e sem açúcar para o MatsuJun.
                – Arigatou. – os quatro exclamaram em coro. Jun não poderia recusar o café.
                – E aí, Sho-kun, qual o motivo da reunião? – Nino não conseguiu mais se conter.
                Sho bebeu um grande gole de seu café, queimando a língua com o líquido quente.
                – Faz algum tempo que quero falar, mas não consegui reunir coragem e agora não posso mais esconder. – Sho começou, chamando a atenção de todos. Ohno largou a revista de pesca e Nino fechou o DS.
                – Desenrola! – Jun exclamou, perante a longa pausa que Sho fez.
                – Eu vou me casar. – Sho disse num fôlego só.
                – Êeeeeeeeeeeeeeeeeh? – os quatro disseram em uníssono, assustados.
                – Que história é essa, Sakurai? – Jun não se conteve, alterando o tom de voz.
                – Eu sei que só um de nós poderá se casar... Gomenasai! A Koharu-chan está esperando um filho meu. – Sho choramingou, esfregando as mãos nervosamente – E agora com a Maeda-san no comando, suponho que essa regra de um único casamento por grupo seja extinta.
                – Você supõe né? Mas e se não for? Vamos ter que passar o resto de nossas vidas sem firmar compromisso com ninguém? – Jun reclamou, ainda assustado com Sho.
                – Hontou ni gomenasai, minna, mas eu não tenho outra opção. Não posso deixá-la desamparada. – Sho limpou uma lágrima que escorria por sua face.
                – Sho-kun, – Ohno começou, esticando-se para segurar a mão do amigo – por mim tudo bem. Eu acredito que a Maeda-san vá mudar algumas coisas por aqui.
                – Estou com o Riida. – Nino lançou um olhar de desaprovação para Jun, voltando-se para Sho em seguida.
                – Hum, eu também. – Aiba sorriu, mas logo sua expressão se transformou em confusão – Ano... Sho-kun, quem é Koharu-chan?
                Os quatro lançaram-se numa conversa sobre a namorada – futura esposa – de Sho, enquanto Jun analisava a situação. Ele tinha medo de não poder casar-se, mas não tinha fundamento sua preocupação quando ele nem mesmo tinha uma namorada e nunca tivera nenhum tipo de relacionamento sério.
                – Se sou a minoria, – Jun falou mais alto, interrompendo a conversa dos outros – não tenho outra opção senão concordar, mesmo que a contragosto.
                – Arigatou minna! Eu sabia que podia contar com vocês! Jamais me deixariam em apuros... – Sho sorriu, ainda se sentindo mal pelos outros.
                – Mas agora você precisa falar com o Johnny Kitagawa-san. – Jun continuou, vendo a expressão de Sho ficar tensa novamente.
                – Vamos todos juntos. – Ohno disse, olhando para Jun – Ele precisa saber que o grupo aprova isso.
                – Tudo bem, eu vou! Mas se eu arrumar uma namorada, um dia, e não puder me casar – Jun falou em tom de brincadeira, mas sua expressão era séria – vou atormentá-los o resto de minha vida!
                – Arigatou gosaimashita! – Sho curvou-se. Ele realmente esperava pela compreensão do resto do grupo – Vou marcar uma reunião com o chefe e os aviso em seguida.
                – Estou saindo. – Jun levantou-se e deixou a sala, levando o café consigo.
                Viu Yuuki mais à frente no corredor, e automaticamente diminuiu o passo, de modo que não precisasse pegar o elevador com ela. Ela parou, esperando pelo elevador e Jun percebeu que não teria como evitar, a menos que fosse pelas escadas, mas ficaria muito visível que ele estava a evitando.
                Os dois entraram no elevador e Jun olhou para o teto, bebericando seu café. O clima pesado pelo silêncio.
                – Já arrumou o carro? – Yuuki corajosamente quebrou o silêncio, ainda estranhando a curiosa atitude de Jun.
                – Ainda está no conserto. – ele respondeu sem tirar os olhos do teto.
                Yuuki esperou que ele continuasse falando. Diante o silencio dele,  ela começou a batucar com as unhas, impaciente.
                – Escuta... – ela começou, em seguida, as portas do elevador se abriram e ela calou-se.
                – O que? – Jun bebericou seu café calmamente.
                – Nandemonai. – deu-lhe as costas, deixando o elevador à passos rápidos.
                Jun ainda não conseguia encará-la. Tinha medo de olhá-la nos olhos.
Logo Ryo terminaria seu dorama e possivelmente começaria a atormentá-la. Algo dentro de Jun dizia que ele deveria ajudá-la, mas ele ainda não sabia como lidar com isso. Não sabia se deveria ajudá-la. Nem mesmo se lembrava de seu propósito de crescer dentro da Johnny’s, tamanha era a confusão em sua mente.
Ele tampouco conseguia pensar na reação das fãs ao saber que Sho iria se casar e ser pai. O Arashi estava entrando em uma nova fase, em um mundo que ainda não havia sido visto.

Continua...