terça-feira, 11 de outubro de 2011

FANFIC// O Último Ato [one-shot]




Sinopse: 
–Harry Potter – falei suavemente, analisando sua reação – O menino que sobreviveu.
Ninguém se moveu, tampouco falou algo. Belatriz ofegava. O garoto fixou os olhos, eu ergui a Varinha das Varinhas.
           – Avada Kedavra – ordenei á varinha; um jorro de luz verde atingiu o garoto, e ele desmontou. Entretanto, eu senti uma dor lancinante e também caí.

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E se você pudesse saber o que Voldemort pensou antes de morrer? 
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Eu estava esperando-o; tinha certeza de que viria... Ah, o heróizinho Potter! Mas sua demora estava deixando-me impaciente... Eu aguardaria, até que ele viesse, e ele viria, sim!
            Dolohov e Yaxley reuniram-se ao círculo que formávamos na orla da Floresta Proibida, onde, alguns minutos atrás, habitava uma colônia de Acromântulas, que meus servos colocaram pra correr.
– Não há sinal dele, milorde. – informou Dolohov.
Ele virá, eu pensei, não deixará que mais pessoas morram por ele... Tolo! Meus dedos acariciavam, inconscientemente, minha varinha... A Varinha das Varinhas. Agora, eu era seu Senhor, seu dono. E Dumbledore pensou que eu não descobriria, que eu não teria coragem de violar seu túmulo, que eu não teria coragem de matar Severo Snape, meu espião.
– Milorde... ­– Belatriz falou.
            Evitei que prosseguisse com um simples aceno de mão. Ela continuou me olhando... Ah sim, agora ela era minha serva mais devotada...
            Quase senti pena em matar Snape, mas afinal, agora ele não iria me servir pra mais nada,  logo eu passarei a dominar todos os bruxos, e depois os trouxas também, serei o senhor de todos e ele não poderia viver sendo dono da minha varinha!
– Pensei que ele viria... ­– encarei as línguas de fogo, tentando manter minha idéia de que Harry Potter realmente viria – Esperava que viesse.
            Ninguém ousou quebrar o silêncio.
– Aparentemente... – eu falei depois de alguns segundos – me enganei.
– Não se enganou. ­– o garoto apareceu à um canto do círculo, sem nem mesmo segurar sua varinha... Pelo visto, não haveria um duelo, somente sua morte.
            Eu tinha certeza de que ele viria, e eu estava certo, como sempre! O Lord das Trevas nunca erra em seus julgamentos.
            Os gigantes bradaram quando meus servos se ergueram juntos, gritando e rindo.
            Ele me encarava, e vinha em minha direção, como se não tivesse medo de mim. Garoto imbecil! Agora, somente a fogueira nos separava. Depois de tantos anos, finalmente, eu iria acabar com ele, aquele que poderia me destruir, aquele que tentou... Mas antes que ele sequer pensasse em tentar novamente, eu o mataria... Sim, eu tinha o controle da situação, e eu iria escolher o momento certo, que poderia ser agora.
– Harry! Não! – o meio- gigante imbecil, que eu havia feito ser expulso de Hogwarts há tantos anos, agora berrava.
– Não! Não! Harry que é que você... – ele se debatia e gritava, amarrado a uma árvore. Estava me irritando, mas eu não iria tirar os olhos do garoto, que estava bem na minha frente, desarmado. Enfim!
– Calado! – Rowle gritou e silenciou-o.
            Belatriz levantou-se, e nos olhava, anciosa por meu próximo passo.
            Nagini estava segura... Se ele tentasse pegar a varinha, antes de tê-la em mãos, estaria morto.
            Eu sorri, examinando o garoto. Como uma pessoa tão insignificante pôde me atrapalhar tanto? Ah sim, o amor.
–Harry Potter – falei suavemente, analisando sua reação – O menino que sobreviveu.
            Ninguém se moveu, tampouco falou algo. Belatriz ofegava. O garoto fixou os olhos, eu ergui a Varinha das Varinhas.
Avada Kedavra – ordenei à varinha; um jorro de luz verde atingiu o garoto, e ele desmontou. Entretanto, eu senti uma dor lancinante e perdi meus sentidos.
            Passados alguns segundos,  recuperei a consciência, que havia perdido momentaneamente. Meus servos me rodeavam, perguntando-me se eu estava bem.
– Milorde... Milorde – Belatriz ofegava, quase aos prantos.
– Agora chega – eu gritei, dispensando ajuda. Eu temia que o garoto Potter tivesse sobrevivido novamente. Mas não seria possível... Ele estava estendido no chão, não poderia estar vivo. Não havia amor que pudesse salvá-lo dessa vez.
            Levantei-me, meus servos se afastaram rapidamente, somente Belatriz continuou ajoelhada.
– Milorde, me deixe... – ela tentou me ajudar... Como se eu não pudesse fazê-lo sozinho!
– Não preciso de sua ajuda. – recusei, e ela afastou a mão. – O garoto... está morto?
            Ninguém respondeu. Era difícil admitir, até pra mim mesmo, que eu estava com medo de que ele tivesse sobrevivido. Todos o observavam, como se ele pudesse mexer um dedo.
– Você! – apontei a varinha para Narcisa Malfoy, que soltou um gritinho. – Examine-o. Me diga se está morto.
            Ela encaminhou-se lentamente até o corpo do garoto, examinou-o durante alguns segundos, curvou-se sobre o garoto e sentou-se no chão.
– Está morto! – ela anunciou.
            Nesse momento, todos meus temores não admitidos me deixaram, tive certeza de que realmente havia matado o garoto. Finalmente!
            Meus servos gritaram, berraram vivas, bateram os pés no chão e lançaram luzes vermelhas e prateadas com suas varinhas. Deixei-os comemorar por um tempo, enquanto eu, comemorava minha vitória pessoal, meu grande triunfo.
– Viram? – gritei mais alto – Harry Potter foi morto por minha mão, e agora, nenhum homem vivo poderá me ameaçar! – nesse momento, eu tive a idéia de proporcionar mais alguns segundos de diversão para meus servos – Vejam! Crucio!
            Eu o ergui no ar, uma, duas, três vezes, e a única coisa que aconteceu, foi que seu corpo continuou mole e sem vida, flácido. Quando o levantei pela última vez, seus óculos voaram do rosto, causando ainda mais risos e insultos entre meus servos.
– Agora – eu falei, abafando a comemoração –, vamos ao castelo lhes mostrar o que restou do seu herói. Quem arrastará o corpo? – Enfim, encontrei uma utilidade para o semi-gigante que estava em prantos amarrado à árvore – Não... esperem...
            Soltei Hagrid com uma ordem de varinha.
– Você o carrega! – ordenei – Ficará bem visível em seus braços, não é mesmo? Apanhe o seu amiguinho Hagrid. E os óculos... reponha os óculos... ele precisa ficar reconhecível.
            Yaxley colocou os óculos, bruscamente, no rosto de meu inimigo morto. Hagrid, aos prantos, ergueu-o nos braços.
– Ande! – Ora, quanto sentimentalismo! Ele começou a andar aos tropeços por entre as árvores em direção ao castelo. Os gigantes nos acompanhavam, fazendo muito barulho... Mas, afinal, nós não precisávamos nos esconder, éramos vitoriosos.
– AGORO! – Hagrid berrou, tirando-me de meus devaneios. Um grupo de centauros nos observava.
– Estão felizes agora, por não terem lutado, seu bando covarde de mulas velhas? Satisfeitos de ver Harry Potter... m- morto...? – Então, ele sucumbiu ás lágrimas e continuou andando.
– Pare! – gritei quando chegamos á orla da floresta.
            Dementadores se aproximaram de nós... Passei ao lado do garoto morto, e anunciei, com a varinha, de modo que minha mensagem se propagasse pelos terrenos da escola e nas localidades próximas.
Harry Potter está morto. Foi abatido em plena fuga – ele não precisava morrer como herói, não é? –, tentando se salvar enquanto vocês ofereciam suas vidas por ele. Trazemos aqui o seu cadáver como prova de que o seu herói deixou de existir.
            “A batalha está ganha. Vocês perderam metade de seus combatentes. Os meus Comensais da Morte são mais numerosos que vocês, e O-Menino-Que-Sobreviveu está liquidado. A guerra deve cessar. Quem continuar á resistir, homem, mulher ou criança, será exterminado, bem como todos os membros de sua família. Saiam do castelo agora, ajoelhem-se diante de mim e serão poupados. Seus pais e filhos, seus irmãos e irmãs viverão e serão perdoados, e vocês se reunirão á mim no novo reino que construiremos juntos.”
            Só silêncio. Eu estava ao lado dele, e tive que conter um impulso de derrubá-lo no chão.
– Venha. – continuei andando em direção ao castelo, Nagini enroscada em meus ombros, agora livre, já que não sofria mais ameaça alguma. Meus servos e Hagrid carregando o garoto, em meus flancos. Alguns raios de luar nos iluminavam agora, estávamos chegando á saída da floresta.
– Harry – Hagrid ainda soluçava, me irritando – Ah, Harry... Harry...
– Parem – ordenei quando estávamos na frente do castelo.
            Todos pararam, logo formando uma linha em frente ás portas abertas da escola. A luz do saguão de entrada nos iluminando fortemente. As pessoas estavam saindo ás pressas do castelo, e observando meu prêmio: o garoto morto.
–NÃO! – McGonagall gritou, estridente. Belatriz riu de seu desespero.
            Eu avancei alguns passos e parei bem em frente á ele, acariciando a cabeça de Nagini.
–Não!
–Não!
– Harry! HARRY!
            Uma sangue-ruim, amiga dele, e dois dos Weasley, também seus amigos, gritaram mais alto ao ver seu corpo flácido sobre os braços de Hagrid. Até que vários dos sobreviventes se uniram aos Weasley e á sangue-ruim, gritando e berrando insultos para meus servos.
–SILÊNCIO! – ordenei, e em seguida lancei um feitiço que obrigaria á eles que obedecessem minha ordem, e o silêncio se impôs sobre eles – Acabou! Ponha-o no chão, Hagrid, aos meus pés, que é o lugar dele!
            O gigante colocou o garoto onde eu havia ordenado, com cuidado demais.
– Estão vendo? – eu falei, andando de um lado a outro de meu inimigo morto que jazia aos meus pés, e observando minha platéia silenciosa. – Harry Potter está morto! Entenderam agora, seus iludidos? Ele não era nada, jamais foi, era apenas um garoto, confiante de que os outros se sacrificariam por ele!
– Ele o derrotou! – Um dos Weasley gritou, e todos recomeçaram a gritar e a insultar, até que com outro movimento de varinha, e mais um estampido, ordenei que se calassem novamente..
– Ele foi morto tentando sair escondido dos terrenos do castelo– eu sentia prazer em contar aquela mentira, em fazer com que Potter não fosse o herói –, morto tentando se salvar...
            Parei de falar quando um dos garotos investiu contra mim, mas antes que estivesse á meio caminho, foi atingido, soltou um gritinho e caiu desarmado no chão. Eu atirei sua varinha para o lado e não podendo me conter, soltei um risinho.
– E quem é esse? – perguntei a ninguém em especial – Quem está se voluntariando para demonstrar o que acontece com os que insistem em lutar quando a batalha está perdida?
            Belatriz urrou de prazer.
– É Neville Longbottom, milorde! O garoto que andou dando tanto trabalho aos Carrow! O filho dos aurores, lembra?
– Ah, sim, lembro – eu falei, baixando os olhos para o garoto que fazia força pra se pôr de pé, sem arma, e parado entre os sobreviventes e eu e meus servos. – Mas você tem sangue puro, não tem, meu bravo rapaz? – perguntei ao garoto, que me encarava, as mãos em punhos.
– E se tiver? – o garoto estava me desafiando.
–Você demonstra vivacidade e coragem, e descende de linhagem nobre... Você dará um valioso Comensal da Morte. Precisamos de gente como você, Neville Longbottom. – Nada que uma Maldição Imperius não resolva.
– Me juntarei a você quando o inferno congelar. Armada de Dumbledore! – ele gritou, a multidão de sobreviventes, gritou vivas em resposta. Meus feitiços silenciadores pareciam incapazes de contê-los.
– Muito bem – eu falei, suavemente, imaginando meu próximo passo – Se essa é sua escolha, Longbottom, reverteremos ao plano original. A culpa será toda sua.
            Acenei com a varinha, e segundos depois, das janelas estilhaçadas do castelo, o chapéu seletor voou na semi obscuridade e pousou em minha mão. Eu sacudi-o e deixei pender, para que todos vissem o que era.
– Não haverá mais Seleção na Escola da Hogwarts – falei – Não haverá mais Casas. O emblema, escudo e cores do meu nobre antepassado, Salazar Slyterin, será suficiente para todos, não é mesmo, Neville Longbottom?
            Apontei a varinha para o garoto, que estava rígido e calado, então, forcei o chapéu a entrar em sua cabeça. A multidão parecia querer lutar, então, meus servos, rapidamente, apontaram suas varinhas, acuando-os.
– Neville agora vai demonstrar o que acontece com quem é suficientemente tolo para continuar a se opor a mim. – anunciei, e com um aceno de varinha, o Chapéu começou a pegar fogo.
            O garoto começou a gritar, ardendo em chamas, pregado ao chão, incapaz de se mexer.
            Então ouvi um clamor nas distantes divisas da escola, dava a impressão de que centenas de pessoas escalavam os muros fora de meu campo de visão e corriam em direção ao castelo, proferindo retumbantes brados de guerra. Nessa hora, outro gigante apareceu contornando a quina do castelo e berrou “HAGGER!”. Seu grito foi respondido pelo urro de meus gigantes: eles avançaram para o outro gigante estremecendo a terra. Depois ouvi os cascos, a vibração de arcos distendendo e flechas começaram repentinamente a chover entre meus Comensais, que romperam fileiras, gritando, surpresos.
            O garoto Longbottom colocou-se em pé num salto, e com um movimento rápido e fluido, se libertou do Feitiço do Corpo Preso que o imobilizava. O Chapéu em chamas caiu de sua cabeça e, do fundo dele, o garoto puxou uma espada prateada com o punho cravejado de rubis.
            O ruído da espada de prata cortando o ar não pôde ser ouvido acima do vozerio da multidão que se aproximava, ou do estrépito dos gigantes se enfrentando, ou a cavalgada dos centauros, contudo, pareceu atrair todos os olhares. Com um único golpe, Longbottom decepou a cabeça de minha Nagini, que girou no alto, reluzindo á luz que vinha do castelo, e minha boca se abriu em um berro de fúria, que ninguém pôde ouvir e o corpo da cobra bateu com um baque surdo aos meus pés... minha Nagini...um pedaço de minha alma...NÃO!
            Antes mesmo que eu pudesse erguer a varinha, surgiu um Feitiço Escudo, entre mim e o garoto que acabara de matar Nagini. Então, mais alto que todos os gritos, rugidos e do sapateio dos gigantes em luta, ouvi o berro de Hagrid.
– HARRY! – ele gritou – HARRY... ONDE ESTÁ HARRY?
            A investida dos centauros dispersava meus Comensais, todos fugiam das pisadas dos gigantes, e cada vez mais próximos, estavam os reforços do inimigo, que eu não sabia de onde tinham vindo. Grandes criaturas aladas, testrálios, e um hipogrifo, rodeavam a cabeça de meus gigantes, enquanto o outro gigante os esmurrava. Agora, os defensores de Hogwarts, bem como eu e meus Comensais, estávamos sendo empurrados para dentro do castelo, e era impossível negar, que eu estava em desvantagem.
            Mas, enquanto tudo isso acontecia, minha mente não registrava nada... eu só pensava em minhas horcruxes... Estariam elas seguras? O diário, há anos, não existia mais; o anel de Servolo, Dumbledore havia encontrado, então certamente, estava destruído; o medalhão de Slyterin, suponho que também estaria destruído; a taça de Hufflepuff havia sido roubada do cofre dos Lestrange no Gringotes, menos uma; Nagini, acabara de ser morta, pelo Longbottom; agora me restava uma esperança... o Diadema escondido na Sala Precisa, no 7º andar, atrás das tapeçarias, e onde, somente eu pude entrar... e mesmo que ele conseguisse entrar lá, encontraria, numa sala cheia de objetos velhos e insignificantes o Diadema perdido? Creio que não... está segura.
            Eu estava disparando feitiços para todo lado, recuando para dentro do Salão Principal, berrando ordens para meus servos. Feitiços Escudo apareceram entre mim e minhas vítimas, que passaram correndo e entraram no Salão Principal, onde se uniram á luta que acontecia ali.
            Muitas pessoas irromperam pela escadaria da entrada, sendo liderados por um dos Weasley e Slughorn. Aparentemente, eles haviam assumido a liderança dos familiares e amigos de cada estudante de Hogwarts que ficara pra lutar contra mim, acompanhados dos lojistas e habitantes de Hogsmeade. Os centauros invadiram o salão, no momento em que a porta que levava a cozinha era arrancada das dobradiças.
            Uma enxurrada de elfos domésticos adentrou o saguão, gritando o brandindo seus trinchantes e cutelos, e o elfo estava á frente deles, usava meu medalhão pendurado ao peito. Pude reconhecê-lo como o elfo de Régulo Black, que eu havia abandonado na caverna onde escondi o medalhão.
            – À luta! À luta! À luta pelo meu senhor, defensor dos elfos domésticos! À luta contra o Lord das Trevas, em nome do corajoso Régulo! À luta!
            Eles cortavam e furavam os tornozelos de meus servos, e por onde quer que eu olhasse, meus servos estavam se dobrando á superioridade dos números, vencidos pelos feitiços, arrancando flechas dos ferimentos, esfaqueados na perna pelos elfos, ou simplesmente tentando fugir.
            Eu atacava e destruía tudo ao meu alcance. O salão estava cada vez mais cheio, pois todos que podiam andar entravam á força.
            Yaxley foi nocauteado por um dos Weasley e outro garoto, Dolohov caiu com um grito ás mãos de Flitwick, Macnair foi atirado do outro lado do salão por Hagrid, bateu na parede de pedra e escorregou, inconsciente, para o chão. Longbottom e outro dos Weasley abateram Lobo Greyback, Aberforth estuporou Rockwood, o Weasley pai e seu filho que trabalhava no ministério, derrubaram Thicknesse, e Lucio e Narcisa Malfoy corriam entre a multidão, sem sequer tentar lutar, chamando aos berros, por Draco.
            Eu agora duelava com McGonagall, Slughorn e Kingsley ao mesmo tempo. Eles trançavam e se protegiam ao meu redor, incapazes de acabar comigo.
            Belatriz continuava a duelar, á uns cinqüenta metros de mim, e como eu, ela duelava com três de uma vez: a sangue-ruim amiga de Potter, a única Weasley garota, e a filha de Xenofílio Lovegood, todas empenhadas ao máximo, mas Belatriz valia por todas juntas, ah sim, e uma Maldição da Morte passou á centímetros da garota Weasley.
            – A MINHA FILHA NÃO, SUA VACA! – a Weasley mãe, atirou sua capa para longe enquanto corria, deixando os braços livres. Belatriz gargalhou, ao ver quem seria sua nova desafiante.
            – SAIAM DO MEU CAMINHO! – Weasley mãe gritou ás três garotas, e fazendo um gesto largo com a varinha, começou a duelar. Ela golpeava e girava, e o sorriso de Belatriz vacilou e se transformou em um esgar. Jorros de luz voavam de ambas as varinhas, o chão em torno dos pés das bruxas esquentou e fendeu; elas travavam uma luta mortal.
            – Não! – a Weasley mãe gritou quando algumas crianças correram, em seu auxílio. – Para trás! Para trás! Ela é minha!
            Seria interessante observar essa luta, como centenas de pessoas agora faziam, encostadas á parede, se eu não estivesse tão ocupado com meus três oponentes.
            – Que vai acontecer com seus filhos depois que eu matar você? – Belatriz provocou, saltando para evitar os feitiços que dançavam ao seu redor. – Quando a mamãe for pelo mesmo caminho que o Fredinho?
            – Você... nunca... mais... tocará... em... nossos... filhos! – a Weasley mãe gritou.
            Belatriz deu uma gargalhada exultante. O feitiço da Weasley mãe, passou por baixo do braço esticado de Belatriz e atingiu-a no peito, diretamente sobre o coração.
            A risada triunfante de Belatriz congelou, seus olhos pareceram saltar das órbitas: por uma mínima fração de tempo, ela percebeu o que ocorrera e, então, desmontou. A multidão que assistia bradou e eu gritei.
            Era difícil acreditar, que minha última e mais fiel tenente havia sido abatida. Mas afinal, ela era descartável... O Lord das Trevas nunca iria se deixar derrotar, NUNCA!
            Com um movimento de varinha, arremessei McGonagall, Slughorn e Kingsley para trás, debatendo-se e contorcendo-se no ar, ante minha fúria à queda de Belatriz. Apontei a varinha para Molly Weasley.
            – Protego! – alguém no salão berrou, e o Feitiço Escudo espandiu-se no meio do Salão. Olhei admirado ao redor, procurando de onde viera, e para meu horror, encontrei o dono da voz que havia salvado a Weasley. De um canto do Salão, despindo uma Capa de Invisibilidade, estava Harry Potter. Afinal, ele não havia morrido.
            Berros de choque, vivas, gritos de todos os lados de “HARRY!”,” ELE ESTÁ VIVO!”, foram imediatamente sufocados, quando Harry e eu nos encaramos, e começamos no mesmo instante a nos rodear.
            – Não quero que mais ninguém tente ajudar – no silêncio total, sua voz ecoou como o toque de uma trompa. – Tem que ser assim. Tem que ser eu.
            Essa não era uma atitude comum de Potter, geralmente ele escondia-se atrás de outras pessoas, deixando-se ser salvo. Agora, era o último ato.
            – Potter não está falando sério – arregalei meus olhos. – Não é assim que ele age, é? Quem você vai usar como escudo hoje, Potter?
            – Ninguém – ele respondeu simplesmente, para meu horror. – Não há mais horcruxes. Só você e eu. Nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver, e um de nós está prestes a partir para sempre.
            – Um de nós? – ele não podia ter encontrado o Diadema. Era impossível. E se tivesse encontrado, e realmente travássemos um duelo, certamente, a vitória seria minha, eu possuía o conhecimento e a perícia, ele era só um mero garoto, que foi protegido a vida inteira. – Você acha que vai ser você, não é, o garoto que sobreviveu por acaso e porque Dumbledore estava puxando os cordões?
            – Acaso, foi? Quando minha mãe morreu pra me salvar? – ele estava me desafiando. Continuamos a nos movimentar de lado, em um círculo perfeito, mantendo a mesma distância, e para mim, só existia um rosto, o de Harry Potter. Ele iria se atrever a começar com a história do Amor? –Acaso, quando decidi lutar naquele cemitério? Acaso, quando não me defendi hoje á noite e, ainda assim, sobrevivi e retornei para lutar?
            – Acasos! – berrei, sem atacá-lo. A história de ele ter sobrevivido de novo ainda me deixava curioso. Eu o deixaria viver para me contar, assim, não cometeria o mesmo erro novamente. As pessoas no salão observavam imóveis, quase nem respiravam, exceto Potter e eu. – Acaso e sorte e o fato de você ter se escondido e choramingado atrás das saias de homens e mulheres superiores a você, e me permitindo matá-los em seu lugar!
            – Você não matará mais ninguém hoje á noite – seus olhos verdes estavam fixados nos meus – Você não será capaz de matar nenhum deles, nunca mais. Você não está entendendo? Eu estive disposto a morrer para impedir que você ferisse essas pessoas...
            – Mas você não morreu! – que garoto mais tolo, confiando que iria me atingir. Harry Potter nunca será páreo para Lord Voldemort.
            –... Mas tive intenção, e foi isso que fez a diferença. Fiz o que minha mãe fez. Protegi-os de você. Você não reparou que nenhum dos feitiços que lançou neles são duradouros? Você não pode torturá-los. Você não pode atingi-los. Você não aprende com seus erros, Riddle, não é?
            – Você se atreve... – como aquele garoto insolente poderia se atrever a chamar o Lord Voldemort de Riddle? Como ele se atreve a usar o nome sujo de meu pai trouxa? Ah, claro, Dumbledore lhe ensinou. Mesmo depois de morto, ele continua a me atrapalhar.
            – Me atrevo, sim. Sei coisas que você ignora, Tom Riddle. Sei muitas coisas importantes que você ignora. Quer ouvir algumas, antes de cometer outro grande erro?
            Não pude responder, mas continuei a rondá-lo em círculo. Qual seria o segredo? Não, não poderia haver segredo... Harry Potter não iria saber nada que eu não soubesse. Só um garoto...
            – É o amor de novo? – não tive como conter a zombaria, ah, o amor! – A solução favorita de Dumbledore, amor, que ele alegava conquistar a morte, embora o amor não o tivesse impedido de cair da Torre e se quebrar como uma velha estátua de cera? Amor, que não me impediu de matar sua mãe sangue-ruim como uma barata, Potter; e ninguém parece amá-lo o suficiente para se apresentar dessa vez e receber minha maldição. Então, o que vai impedir que você morra quando eu atacar?
            – Só uma coisa – continuávamos a nos rodear. O que poderia ser? É claro que não seria nada, ele só estava querendo prolongar por mais alguns minutos sua vida.
            – Se não for o amor, o que irá salvá-lo desta vez – deixei que ele absorvesse as palavras, mas Potter parecia irredutível. –, você deve acreditar que é dotado de uma magia que não tenho, ou, então, de uma arma mais poderosa que a minha?
            – Creio que as duas coisas – Comecei a rir... Como ele poderia ter uma varinha mais poderosa que a minha? A Varinha das Varinhas! E que tipo de magia que ele poderia ter que eu não conhecesse? Afinal, eu havia ultrapassado todos os limites, criando minhas Horcruxes.
            – Você acha que conhece mais magia do que eu? Do que eu, do que Lord Voldemort, capaz de magia com que o próprio Dumbledore jamais sonhou?
            – Ah, ele sonhou, sim, mas sabia mais do que você, sabia o suficiente para não fazer o que você fez.
            – Você quer dizer que ele era fraco! – berrei. Como ele poderia insinuar que Dumbledore era mais sábio que o Lord das Trevas? O grande Lord das Trevas, que teve coragem de mutilar sua própria alma a fim de se salvar, de manter-se vivo. – Fraco demais para ousar, fraco demais para se apoderar do que poderia ser dele, do que será meu.
            – Não, ele era mais inteligente que você, um bruxo melhor, e um homem melhor.
            – Eu causei a morte de Dumbledore! – Esse garoto estava me tirando do sério. Lord Voldemort é superior à todos, é maior que qualquer um que já tentou ser grande. Lord Voldemort é inatingível.
            – Você pensa que causou, mas se enganou!
            Todas as pessoas que nos assistiam, fizeram o mesmo movimento. Todos prenderam o fôlego diante tal revelação. Eu mesmo, quase fiquei sem palavras.
            – Dumbledore está morto! – esse era seu ponto fraco, ele iria sentir essas palavras. – O corpo dele está apodrecendo no túmulo de mármore nos jardins desse castelo, eu o vi, Potter, e ele não irá retornar.
            – Dumbledore está morto, sim – Potter respondeu calmamente –, mas não foi você que mandou matá-lo. Ele escolheu como queria morrer, escolheu meses antes, combinou tudo com o homem que você julgou que era seu servo.
            – Que sonho infantil é esse? – exclamei, mas ainda assim, não ataquei. O choque quase escapou de meu controle, mas eu não deixaria meus olhos me traírem, eu continuava irredutível.
            – Severo Snape não era homem seu. Snape era de Dumbledore, desde o momento em que você começou a caçar minha mãe. E você nunca percebeu, por causa daquilo que não pode compreender. Você nunca viu o Snape conjurar um Patrono, viu, Riddle?
            Não pude responder, mas continuamos a nos rodear como dois lobos prestes a se estraçalhar. Ele não podia estar falando a verdade, era só uma mentira pra tentar me distrair... Para que eu não o matasse. Eu até podia vê-lo correndo e se escondendo atrás de alguém, que eu mataria, eu mataria todos, mataria qualquer um que estivesse no meu caminho, e depois, eu o mataria.
            – O Patrono de Snape era uma corça – o garoto continuou, ao ver que eu não responderia –, o mesmo que o de minha mãe, porque ele a amou quase toda a vida, desde que eram crianças. Você devia ter percebido – não pude deixar de mostrar meu ódio por ele, por aquele garoto. Como ele poderia saber mais que eu? Lord Voldemort sabe de tudo. –, ele lhe pediu para poupar a vida dela, não foi?
            – Ele a desejava, nada mais – desdenhei. Amor, ah o amor! –, mas, quando ela se foi, ele concordou que havia outras mulheres, de sangue mais puro, mais dignas dele...
            –Naturalmente foi o que Snape lhe disse, mas ele se tornou espião de Dumbledore a partir do momento em que você a ameaçou, e dali em diante trabalhou contra você! Dumbledore já estava morrendo quando Snape o matou!
            – Não faz diferença! – não pude deixar de acompanhar com atenção cada palavra do garoto, mas em seguida, soltei uma gargalhada. – Não faz diferença se Snape era meu seguidor ou de Dumbledore, ou que mesquinhos obstáculos ele tentou colocar em meu caminho! Eu os esmaguei como esmaguei sua mãe, o pretenso grande amor de Snape! Ah, mas isso tudo faz sentido, Potter, e de modos que você não compreende!
            “Dumbledore tentou me impedir de possuir a Varinha das Varinhas! Queria que Snape fosse o verdadeiro senhor da varinha! Mas passei a sua frente, garotinho: cheguei à varinha antes que você pudesse por as mãos nela, compreendi a verdade antes que você a percebesse. Matei Severo Snape há três horas, e a Varinha das Varinhas, a Varinha da Morte, a Varinha do Destino é realmente minha! O último plano de Dumbledore falhou, Harry Potter.”
             – É, falhou. Você tem razão. Mas, antes de você tentar me matar, eu o aconselharia a pensar no que fez... pensar, e tentar sentir algum remorso, Riddle...
            – Que é isso? – De tudo que ele havia me dito, nada me chocara tanto quando isso. Onde aquele garoto estava tentando chegar? Porque ele não parava de me desafiar e se entregava ao seu destino?
            – É a sua última chance – o garoto continuou –, e é só o que lhe resta... vi em que se transformará se não aproveitá-la... seja homem, tente sentir algum remorso...
            – Você ousa... – Como? Ver o que eu me transformaria? Do que ele estava falando? Remorso? Lord Voldemort não sente essas coisas.
            – Ouso, sim, porque o último plano de Dumbledore não saiu ás avessas para mim. Saiu ás avessas pra você, Riddle.
            Minha mão tremia em torno da Varinha das Varinhas, tremia de ódio. O garoto apertou sua varinha com mais força.
            – A varinha não está funcionando corretamente pra você, porque você matou a pessoa errada. Severo Snape jamais foi o verdadeiro senhor da Varinha das Varinhas. Ele jamais derrotou Dumbledore.
            – Ele matou... – não pude segurar um pequeno urro de descrença.
            – Você não está prestando atenção? Snape nunca derrotou Dumbledore! A morte de Dumbledore foi planejada pelos dois! Dumbledore pretendia morrer sem ser derrotado, o último e verdadeiro senhor da varinha! Tudo ocorreu conforme ele planejou, o poder da varinha morreria com ele, porque jamais foi arrebatada de suas mãos!
            – Mas, então, Potter, Dumbledore praticamente me entregou a varinha! – minha voz tremeu com o prazer dessas palavras, garoto tolo. –Roubei a varinha do túmulo do seu último senhor! Retirei-a, contrariando o desejo do seu último senhor! O seu poder é meu!
            – Você ainda não entendeu, não é, Riddle! Possuir a varinha não é o suficiente! Empunhá-la, usá-la, não a torna realmente sua. Você não escutou o que Olivaras disse? A varinha escolhe o bruxo... A Varinha das Varinhas reconheceu um novo senhor antes de Dumbledore morrer, alguém que jamais tinha posto a mão nela. O novo senhor tirou a varinha de Dumbledore contra sua vontade, sem perceber exatamente o que tinha feito, ou que a varinha mais perigosa do mundo lhe dedicara a sua fidelidade...
            Meu peito subia e descia rapidamente. O que ele estava dizendo era mentira, ele estava criando falsas evidências para suas conclusões. Eu era senhor da Varinha das Varinhas. Pude sentir a maldição crescendo dentro de mim e alcançando a varinha, que estava apontada para o rosto de Harry Potter.
            – O verdadeiro senhor da Varinha das Varinhas era Draco Malfoy.
            Não pude evitar que transparecesse o aturdimento que eu sentia, mas logo me recompus.
            – Que diferença faz? – ele só estava me irritando, Harry Potter de nada sabia, nem mesmo possuía perícia para duelar comigo. Ele seria morto antes mesmo que percebesse. – Mesmo que você tenha razão, Potter, não faz a menor diferença para você nem para mim. Você não possui mais a varinha da fênix: duelaremos apenas com a perícia... e depois de tê-lo matado, posso cuidar de Draco Malfoy...
            – Mas é tarde demais. Você perdeu sua chance. Cheguei primeiro. Subjuguei Draco faz semanas. Arrebatei a varinha dele.
            O garoto girou a varinha de Draco Malfoy e todos os olhares convergiram sobre ele.
            – Então a questão se resume nisso, não é? – o garoto sussurrou – Será que a varinha em sua mão sabe que o seu último senhor foi desarmado? Porque se sabe... eu sou o verdadeiro senhor da Varinha das Varinhas.
            Um retalho ofuscante de sol surgiu no parapeito da janela mais próxima. A luz iluminou á nós dois ao mesmo tempo.
            – Avada Kedavra! – gritei, mirando em sua testa, sobre sua cicatriz.
            – Expelliarmus!
            O estampido foi de um tiro de canhão e as chamas douradas que jorraram entre as duas, no centro absoluto do círculo que havíamos descrito, marcando o ponto em que os feitiços colidiram. O jato verde de minha maldição veio ao meu encontro, quase que em câmera lenta, mas antes que eu fosse atingido por meu próprio feitiço, pude sentir a Varinha das Varinhas sendo arrebatada de minhas mãos pelo feitiço de Potter, e girou pelo ar em direção a ele, que agarrou a varinha.
            Somente agora, vendo meu próprio feitiço vindo contra mim, pela segunda vez, eu tomei consciência de que era meu verdadeiro fim, não havia mais como fugir.
            Pude sentir o feitiço me atingir no peito, e então fechei os olhos, sabendo que nunca mais tornaria a abri-los.

Fim!

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