Capítulo 6
O olhar de quatro dos cinco membros do grupo voltou-se pra estranha que se aproximara. Jun ainda mantinha os olhos fixos nas quedas, um sorriso largo em sua face.
– Você é nossa guia então? – Ohno perguntou, dando uma boa olhada na mulher.
– Onde é que você estava até agora? Não deveria ter nos encontrado no início da trilha? – Nino implicou, apontando a direção de onde ele achava que tinham vindo – Tivemos que vir sozinhos!
–Sumimasen. – Ela curvou-se, ruborizada – A trilha é bem sinalizada, achei que conseguiriam chegar sozinhos.
– Não liga não, ele é sempre implicante assim... Ainda mais quando esquece o DS! – Sho explicou e sorriu. – Tivemos alguma dificuldade com as placas que são em inglês, mas chegamos aqui, então acho que não foi tão ruim!
– Qual é seu nome mesmo? – Aiba perguntou.
– Ah, é Eloise Zanatto. – A guia apresentou-se novamente.
– Eroise? – Ohno perguntou.
– Hai. – Eloise concordou, pensando em quão sortuda ela era em poder ouvir seu nome saindo da boca do Riida do Arashi.
– Hmm, somos Masaki Aiba, Kazunari Ninoiya, Sho Sakurai, Satoshi Ohno e Jun Matsumoto. – Aiba apresentou a todos, apontando enquanto falava os nomes.
– Muito prazer. – Os quatro disseram em uníssono.
– O prazer é todo meu. – Eloise falou, enfatizando mentalmente a palavra “todo” e não pode conter uma lágrima que escorreu de seus olhos, já marejados desde que ficara sabendo que seria guia deles.
– Está tudo bem? – Ohno perguntou, ao vê-la limpar os olhos.
– Ah, sim... é alergia, mas nada demais! – Eloise sorriu envergonhada.
Nesse momento, Jun finalmente saiu do transe em que se encontrava até então e seus olhos caíram sob a guia. Olhou-a dos pés a cabeça, parando em sua face. Durante alguns segundos esquadrinhou cada centímetro de seu rosto, analisando cada traço, até o brilho dos olhos marejados. Outra lágrima escorreu e foi limpa rapidamente pela guia, que mais ruborizada do que nunca, virou-se.
– Vamos por aqui, quero levá-los a “garganta do diabo”. – Eloise indicou o caminho com as mãos abertas, e ao passar, Jun percebeu marcas fundas nas palmas de suas mãos.
Seguiram trilhas em mata fechada, onde tiveram acesso a vários mirantes diferentes, e maravilhavam-se a cada nova visão das quedas.
– Bom, me incumbiram de mostrar a vocês todo o Parque. Ou seja, vou acompanhá-los no arborismo, em todas as trilhas, nos passeios de bote e algumas outras atividades. – Eloise começou a explicar – Hoje eu lhes mostrei algumas trilhas e como me foi informado, serão filmadas algumas atividades. Primeiro faremos o reconhecimento e só depois será filmado. Agora vou levá-los de volta ao hotel, amanhã continuaremos... e possivelmente por mais alguns dias.
Depois do longo discurso de Eloise, inteiramente em um japonês fluente, os meninos ficaram boquiabertos e a seguiram.
– Seu japonês é muito bom! – Sho falou – Você já foi ao Japão?
– Não, ainda não fui, mas é um grande sonho meu. – Eloise sorriu, lembrando que o maior motivo dela querer ir pra lá, estava bem em sua frente, sendo guiado por ela. – Mas como sou a única guia daqui que fala japonês e o fluxo de turistas do seu país é grande, acabo praticando bastante.
Eloise deixou-os em frente ao Hotel e seguiu até o vestiário dos funcionários, finalmente afrouxando o aperto das mãos, que estiveram firmemente fechadas em punho até então, e deixando que as lagrimas que segurara por todo o dia corressem livremente por sua face. Entrou em um dos boxes, abriu o chuveiro e, ainda vestida, sentou-se em posição fetal no chão, as pernas envoltas por seus braços e simplesmente deixou que a água escorresse torrencialmente por seu corpo.
Depois de alguns minutos, ela já se perguntava se a vinda do Arashi havia sido realmente boa ou ruim. Se deveria ficar feliz ou triste. Tinha vontade de jogar tudo para o alto, largar o emprego, fazer suas malas e partir para o Japão, viver seu sonho. Mas havia uma coisa que a impedia, que a prendia no Brasil e a obrigava a manter os pés no chão, e fora ela que a incentivara a conter as lágrimas durante todo o dia, a manter a compostura para não perder o emprego. Alguém que dependia dela.
Aos 19 anos, Eloise cursava o 2º ano de Turismo na USP. Havia tentado uma bolsa no Japão, mas sua mãe a proibira de ir, pedindo que ela pusesse os pés no chão e parasse de sonhar com coisas tolas e impossíveis como uma vida no Japão. Cansada de lutar contra sua mãe, que se opunha a tudo que Eloise queria, ela desistiu do Jornalismo, seu grande sonho (considerado por sua progenitora como uma profissão sem futuro) e tentou Turismo, que era altamente aprovado pela mãe.
Antes mesmo de ir morar em São Paulo, Eloise já conhecia Kenji. Ele fora uma espécie de ídolo dela. Era vocalista de uma banda de Animesongs que tocara em Foz num evento de animes quando ela ainda tinha 15 anos. Nos dois anos seguintes mantiveram contato via internet, e nas férias Eloise ia visitá-lo em Campinas. Falava pra sua mãe que ia ver a vó, mas o motivo maior sempre fora Kenji.
Quando se mudou pra São Paulo para cursar a universidade, logo Kenji pediu-a em namoro. Ela gostava muito dele e não pensou duas vezes antes de aceitar. Cerca de dois anos depois, montou um apartamento em Foz, transferiu o curso, fez suas malas e deixou Kenji em São Paulo.
Por descuido de ambos, Eloise engravidara e temendo que ele pedisse pra abortar, fez suas malas e fugiu. Ele nunca soube que Eloise carregava um filho seu quando fora embora e nem mesmo entendeu o motivo dela ter sumido tão repentinamente, quando tudo ia tão bem entre eles. Durante algum tempo ele tentou contatá-la, procurou por ela e, não obtendo êxito, desistiu.
Alguns meses depois, numa linda manhã de primavera, Eloise deu à luz a pequena Harumi, que apesar de não ter sido planejada, fora muito querida e amada por sua mãe.
Eloise levantou-se, secou os cabelos e trocou de roupas. Consultou o relógio e constatou que em alguns minutos, sua Harumi sairia da escola e estaria a sua espera. Motivada pela certeza de ver sua filha, correu para o carro e dirigiu até a escola.
E lá estava a pequena. Longos cabelos lisos e negros, pele clara, olhos bem puxados num tom claro de castanho e o sorriso largo estampado em seu rosto. Ao ver que a mãe se aproximava , correu para abraçá-la. Harumi era a mais inteligente de sua turma, e no auge de seus três anos, falava quase tudo em português, e algumas palavras em japonês.
– Vamos pra casa, minha pequena! – Eloise pegou-a no colo, levou-a até o carro, colocando-a sentada na cadeirinha e afivelando o cinto.
– Okaasan, faz onigiri e karage pro jantar? – Harumi pediu.
~~
– Jun, porque você torturou a Eroise-chan? – Aiba perguntou, assim que chegaram ao hotel.
– Quem é Eroise-chan? – Jun perguntou, sem entender do que se tratava o assunto.
– A guia! Você não ouviu quando ela se apresentou? – Sho brigou com o mais novo, inconformado com a falta de atenção.
– O nome dela é Eroise? – Jun sorriu como uma criança.
– Hai! E ela ainda disse duas vezes! – Ohno brigou. – Mais atenção Jun!
– Gomen ne Riida! – Jun desculpou-se, rindo. – Mas o que quis dizer com tortura, Masaki?
– Você olhou tão fixamente pra ela, que achei que ela fosse secar! – Nino falou, acompanhando a conversa com os olhos fixos no DS que tivera que deixar no quarto ao sair.
– É que eu tive a impressão de conhecê-la de algum lugar... – Jun explicou-se.
– A probabilidade de você conhecê-la antes de hoje é quase nula, se considerarmos que estamos no Burajiru há somente dois dias... – Sho falou.
– E um deles nós passamos dormindo. – Aiba emendou.
– Lembrei! – Jun exclamou, sorrindo, depois de alguns minutos de silêncio. – Ela estava no aeroporto! Era uma das fãs!
Flashback
Ela tinha grandes olhos de um castanho tão claro, marejados. A pele branquinha de sua face estava molhada pelas lágrimas que haviam escorrido há pouco e seu rosto era emoldurado por longos cabelos castanho-claros.
Curvou-se, agradeceu em japonês e deixou que seus lábios cheios se abrissem num sorriso, retirando-se pra que ele pudesse acompanhar o restante do grupo.
Fim do Flashback
– Fã? – Aiba duvidou – Ela passou o dia todo conosco e nem mesmo mostrou interesse!
– Eu tenho certeza, até dei um autógrafo pra ela! – Jun exclamou confiante.
– Acho que não, Jun-pon. – Sho pensou alguns segundos sobre o assunto – Se ela realmente fosse, não iria suportar seu olhar naquele momento.
– Vai ver o ichiban dela é outro! – Nino falou, os olhos ainda no DS.
– Vamos fazer uma aposta? – Aiba propôs. – Se ela realmente for fã, antes de irmos embora descobriremos.
– Eu topo! – todos disseram em uníssono.
– Quem acha que é, levanta a mão. – Aiba falou e Jun e Nino levantaram as mãos.
– Nós três achamos que não é. – Sho falou.
– Quem perder terá que pagar um mico, dos grandes. – Ohno falou, confiante de que venceria.
– Vamos ganhar Kazu, não se preocupe! – Jun falou, olhando para Nino, que jogava.
– Eu confio em você, Jun-pon! – Nino falou, um sorrisinho de canto.
Continua...
– Quem é Eroise-chan? xD (vc vai me ouvir soltar isso alguma hora ainda, Elô xD)
ResponderExcluirE porque será que de tudo o que aconteceu eu não duvido que essa coisa realmente aconteceria: a aposta xD
Harumi é linda! Vamos sequestrar uma para mascote? xD
Então L, as meninas na escola, depois que leram o capítulo só me chamam assim ~~ Eroise-chan virou marca registrada já!
ResponderExcluirA aposta eu realmente imaginei eles fazendo u.u É tão Arashi!
Harumi é uma fofa, e vai ficar cada capítulo mais fofa ~~ Num vai falar nada de Kenji aqui?
Pensei muito antes de falar do Kenji xD
ExcluirMas vou me segurar para não não chamar ele de Otoo-san da Harumi da próxima vez que nos encontrarmos xD
Imagino, acho que até eu vou ter que me conter ~~
ResponderExcluirOotou-san da Harumi ~~ Que fofo *---*
Juro q se eu conhecesse o Kenji da vida real, iria dar gafes assim kkkkkkkkkk ( gomen gomen, por entrar na conversa acima)
ResponderExcluirEntendi agora o personagem "importante"... hsuahsuasuaushusha
ResponderExcluirMeeeeeu, imagina ouvir seu nome da boca deles, imagina eles na sua frente, imagina o Jun te "encarando". Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah.... morri mto aqui agora xDD
Harumi eh tao kawaii :33