Capítulo 26
Sho
entrara sem nem mesmo ser convidado, bastante agitado. Eloise, assustada,
observou-o por alguns segundos, até que tomasse coragem para perguntar o que
ele estava fazendo ali.
–
O Jun... desde ontem não temos notícias dele. – Sho respondeu, andando de um
lado para o outro.
–
Como assim? Desde ontem? O-o q-que aconteceu? – Eloise começava a ficar nervosa,
sentindo que, se algo tivesse ocorrido com Jun, a culpa seria sua.
–
Nós o deixamos aqui pela manhã e depois recebemos um sms dele dizendo que ia
passar o dia fora. Quando chegou o fim
do dia, começamos a ligar para ele... Ele não respondeu. Passamos a noite toda
atrás dele. Por favor, nos ajude! – ele suplicou, passando a mão no cabelo.
Eloise
sentia que devia ajudar, afinal fora ela quem o machucara, dissera coisas duras
para ele e depois o colocara para fora de sua casa. Seu coração estava
apertado, seus olhos, que antes choravam de felicidade, agora permitiam que
grandes lágrimas de culpa escorressem por sua face. Sem responder, ela correu
até seu quarto, pegou a bolsa e a chave do carro.
–
Jé, você cuida da Haru pra mim? Tenho um problema pra resolver. – Eloise falou,
passando pela cozinha e beijando a face de cada uma, em seguida apertando-as em
um abraço.
–
Você sabe que sempre pode contar comigo. – Jéssika sorriu superficialmente,
sentindo-se culpada por compactuar com as armações de Jun – Vamos nos divertir
juntas, não é, Haru?
–
Okaasan vai voltar logo, né? – Harumi falou, mordiscando um pedaço de pão.
–
Vou tentar, meu anjinho. A mama te ama. – Eloise disse, deixando-as na cozinha
e correndo até a sala, sem nem lembrar-se de tirar a camiseta que tinha sobre o
vestido.
Encontrou
Sho sentado no sofá, remexendo as mãos, nervoso.
–
Vamos encontrá-lo, nem que eu vire essa cidade de ponta-cabeça. – Eloise disse,
indo até a porta, e Sho logo atrás dela.
–
Os meninos foram com a staff... – Sho explicou onde o resto do grupo o
procurava.
–
Então eu vou procurar nos arredores do Parque, tá bom? Algo me diz que ele está
por lá. – Eloise falou, seu coração lhe dizia que Jun a esperava no local onde
trocaram o primeiro olhar.
–
Eu fico aqui. – disse Sho, descendo do carro, em frente ao Hotel onde estavam
hospedados. – Qualquer coisa, nos avise.
~ ~
Durante
todo o percurso até o aeroporto, o coração de Eloise permaneceu apertado,
algumas lágrimas insistiam em escorrer por sua face. Deixou que a estrada a
guiasse, preocupada demais para prestar atenção no transito e, por sorte, não
tinha muitos carros na rua.
Ao
chegar ao aeroporto, procurou-o por todas as partes. Depois de vários minutos
de busca, perguntou a um dos seguranças do local.
–
Sim, senhora, nós o vimos. Faz poucos minutos que ele esteve aqui. Passou
algumas horas sentado naquela cadeira ali, chorando. – o segurança apontou –
Perguntei se estava tudo bem, mas creio que ele não deve ter entendido, então
levantou e foi embora, a pé.
Agradeceu
ao segurança e correu porta afora, concluindo que não havia muitos lugares para
onde ele possa ter ido a pé. Voltou para o carro, dirigindo até o Parque, onde
tinha passe livre, e parando somente em frente ao Hotel das Cataratas.
Correu
até o Saguão, onde perguntou a uma das recepcionistas se havia visto ele.
–
Ah sim, ele pediu o quarto em que se tem a melhor vista das quedas. Estava com
os olhos muito inchados. – a recepcionista disse.
–
Mas como foi que ele pediu? – Eloise perguntou, confusa.
–
Em inglês, mas ele tinha um sotaque forte.
–
Posso subir lá?
–
Claro, só um minutinho que vou avisá-lo. – ela pegou o telefone.
–
Não, por favor, é uma surpresa. – Eloise pediu, fazendo com que ela largasse o
telefone.
–
Tudo bem, já que insiste.
Eloise
subiu pelas escadas, correndo. O quarto que tinha a melhor vista das quedas era
a suíte presidencial, a qual ela sempre sonhara visitar. Viu um feixe de luz no
corredor, proveniente do cômodo ao qual se dirigia: a porta estava entreaberta.
Com um movimento sutil, abriu-a. Jun estava sentado numa cadeira na sacada, o
olhar perdido na grande queda mais a frente.
Aproximou-se
em passos leves, percebendo que ele concentrava-se no barulho da água, um
sorriso leve em sua face.
~ ~
–
Como foi, Sho-chan? – Aiba perguntou, assim que Sho entrou no quarto,
gargalhando.
–
Tudo certo. – Sho respondeu, sentando-se ao lado de Ohno, ainda rindo.
–
Qual o motivo do riso? – Nino olhou curioso para Sho, certificando-se de que
estava tudo certo.
–
Vocês nem imaginam como foi difícil não rir na cara dela! – Sho falou, entre
risos – Ela estava com uma camiseta, escrito enorme “Nós gostamos de Arashi”.
Cara, ela mostrou que é fã louca agora.
–
Espera, uma camiseta escrito isso? – Aiba imaginou, sorrindo.
–
Sim, foi muito engraçado. – Sho parou de rir – Mas me sinto culpado por ter
mentido para ela.
–
Foi pelo bem maior. – Nino acalmou-o.
–
Agora só temos que esperar. – Ohno concluiu – Seria legal ter um lugar pra
pescar agora.
–
Vou avisar ao Jun que ela já está indo – Nino disse, pegando o celular.
–
Pegou o celular dela, Sho? – Aiba perguntou, observando Sho tirá-lo do bolso.
–
Sim, foi difícil, mas por fim, ela deixou-o sobre o painel.
–
Então, se está tudo certo, eu vou indo. – Aiba levantou-se – Tenho um longo dia
para passar com a minha Jessie e uma certa fofurinha.
–
Se acontecer qualquer coisa, por favor, nos avise, Masaki. – Nino disse,
recebendo um aceno de Aiba, que saía pela porta.
–
Tudo bem, Nino, pode jogar. – Ohno disse, sentando-se ao lado de Nino e
observando-o puxar o DS do bolso – Realmente acho que deveríamos ir pescar...
~ ~
–
Que bom que veio. – Jun sorriu, sem olhar para Eloise, que mantinha distancia
dele.
–
Você está bem? – Eloise perguntou, confusa.
–
Estou sim. – Jun falou, virando-se para ela – Me desculpe, mas é que essa foi a
única maneira que encontrei de te trazer até mim.
–
Hã?
–
Só quero que me ouça, está bem? – ele falou, percebendo que Eloise ficava mais
confusa a cada palavra que dizia – Eu vou embora amanhã, e não me perdoaria se
fosse embora sem deixar bem claro o que eu sinto por você...
–
Você... O que você vai fazer? – ela interrompeu-o, sentindo que algo ruim
poderia acontecer.
–
Prometo que não vou farei nada que possa me arrepender. Só quero passar o dia
com você... só isso.
–
Passar... o dia? Comigo? – Eloise não conseguia entender o que estava
acontecendo – Por
quê?
–
Quero que entenda o que eu sinto por você. – Jun aproximou-se – Só quero um
tempo com você.
–
Meu Deus! – Eloise disse, recuando.
–
Calma, por favor. Sente-se aqui. – Jun puxou-a até o sofá.
–
O-o que você v-vai fazer? – Eloise sentiu-se tomada pelo medo.
Continua...