Capítulo 35
Eloise só percebeu que estava
sorrindo depois de passado algum tempo, no qual tudo parecia ter paralisado.
Jun sustentava seu olhar, um sorriso igualmente estampado em sua face. Harumi
segurou a mão da mãe e apenas ao sentir o calor vindo da filha, Eloise
conseguiu desfazer o sorriso e mostrar sua melhor carranca.
– O que está fazendo aqui? – ela
disse, finalmente.
Jun pareceu hesitar antes de
responder, analisando a rápida mudança de expressão dela.
– Vim vê-las. – sorriu ainda
mais, ele sabia que não deveria mentir – Fiquei preocupado.
– Não há motivos para
preocupação, está tudo bem. – Eloise disse, puxando Harumi para perto de si ao
perceber que Jun a observava.
– Não minta pra mim. Eu sei tudo
que aconteceu. – ele a olhou ainda mais profundamente – Sinto muito.
– Não... não fale nada. – ela
virou-se, puxando Harumi – Não é da sua conta.
Eloise arrastou Harumi consigo,
subindo a escadaria que levava à saída, sem nem olhar para trás. Ela sentia
seus olhos ardendo, podia romper em lágrimas a qualquer momento, mas prometera
que não iria mais chorar na frente da filha, então as engoliu e continuou
puxando a menina firmemente.
Só percebeu que Jun as alcançara
quando este colocou sua mão sobre o ombro dela, ofegante.
– A Jéssika... ela pediu pra eu
te dizer uma coisa. – Jun disse, recuperando o fôlego da breve corrida escada
acima.
– Diga. – Eloise disse, cruzando
os braços; a curiosidade e a preocupação com a amiga eram maiores que sua
teimosia.
– Okaasan, eu tô com fome! –
Harumi interrompeu a troca de olhares dos dois, e andou até Jun, segurando sua
mão. – Vamos almoçar juntos, tio Jun?
Eloise encarou-a duramente e
Harumi sabia elas teriam uma conversa séria em casa, mas não soltou a mão de
Jun, que a olhava, perplexo.
– Vamos! – insistiu, puxando-o.
– Certo, vamos então. – Eloise
cedeu, seguindo Harumi, que logo pegou a mão da mãe também.
Os três andaram lado a lado até
a saída do Parque, Harumi tendo a cada lado um deles, como se fossem uma
família. Durante todo o percurso, o som permaneceu desligado, o silêncio
carregado no interior do carro era quase palpável. Eloise foi até um
restaurante onde costumava comer com Kenji e Harumi nos fins de semana, um
lugar cheio de memórias.
Jun certamente sabia que teria
trabalho para convencer Eloise a ir com ele, mas não desistiria. Ele estava
preparado para qualquer coisa e Harumi realmente o estava ajudando.
Sem demonstrar dificuldade
alguma com as palavras, Jun pediu seu prato e então olhou para Harumi, que
sorria abertamente, e para Eloise, que mantinha a expressão fechada como uma
barreira impenetrável e mordia o lábio inferior. Ele percebeu que ela fechara
as mãos em punho e podia ver as veias roxas sob sua pele branquinha.
– Certo. Tenho uma proposta. –
decidiu que não adiantava dar voltas, ele teria que chegar nesse assunto em
algum momento, e sentiu que aquele era o momento certo.
– Não aceito. – ela respondeu
imediatamente.
– Mas nem ouviu o que é. – Jun
reclamou, os lábios fazendo um beicinho.
– Tenho alguns bons palpites...
– Como pode saber se são bons?
– Simplesmente sei.
– Ao menos ouça. – Jun bebericou
o refrigerante de guaraná em seu copo.
– Tudo bem, vou ouvir... –
cedeu.
Jun contou que, ao descobrir o
que havia acontecido, pedira ajuda aos amigos e logo havia conseguido todo o
necessário para que elas tivessem boas condições de vida no Japão. Eloise fez
menção em interrompê-lo várias vezes, mas ele continuava falando, ignorando a
interrupção.
– Tudo bem, não posso negar que
é, no mínimo, uma boa. – Eloise admitiu.
– E ainda vai poder me usar como
babá nas horas vagas. Pode não parecer, mas tenho bastante folga. – não era uma grande verdade a parte da folga,
mas ele sabia que Eloise conhecia sua agenda apertada.
Os pratos já estavam
praticamente limpos quando Eloise lembrou-se de que Jun havia comentado sobre
um recado de Jéssika. Certamente, ela jamais aceitaria o convite de Jun, por
mais maravilhoso que lhe parecesse viver no Japão e ainda ter um emprego no
NEWS ZERO.
– Afinal, o que a Jessie pediu
pra me dizer?
– Ah sim, estava me esquecendo
já. – Jun bateu em sua testa, enquanto era observado por mãe e filha. Notou que
Eloise relaxara, as mãos estavam abertas sobre a mesa. – Ela aceitou o pedido.
– Que pedido? – Eloise estranhou
– Espera, aquele pedido?
– Sim, eles vão se casar. – ele
sorriu – Mais um motivo para vir...
– Mas... como foi que ele a
convenceu? A última vez que falei com ela, estava tão propensa a aceitar quanto
estava quando ele pediu pela primeira vez.
– É que surgiu um novo fator. –
percebeu um leve sorriso formando-se nos lábios dela – Não é uma boa ideia
afastar-se dos amigos, Elô.
E então, Jun sorriu abertamente.
Ele costumava pensar nela como Elô desde que começara a aprender português, mas
nunca havia dito em voz alta.
– O que aconteceu? – Eloise
ignorou o novo apelido, movida pela curiosidade.
– Eu realmente não deveria
contar... O ideal seria que ela mesma te dissesse, mas não vou conseguir me
conter. – bebericou novamente – Ela está grávida.
À menção daquela palavra, Eloise
lembrou-se de uma conversa que acontecera há muito tempo, quando ainda eram
adolescentes imaturas, muito antes de Harumi nascer.
– Sabe, eu sinto aquela coisa...
aquela vontade de ser mãe. – Eloise estava sentada aos pés de sua cama, Jéssika
ao seu lado – Mas sei que não posso, tenho sonhos... sou consciente quanto a
isso.
–
É bom que seja, afinal somos muito novas, não é? – Jéssika sorriu – Tenho até
medo do dia que eu engravidar.
–
Por quê?
–
Vai ser um transtorno... vou ter que fazer um monte de tratamentos, se não, não
vou aguentar. Você sabe, a talassemia.
Ao lembrar-se disso, Eloise sentiu um arrepio percorrer seu corpo e
pensou no quanto Jéssika a ajudara. Ela sabia, era a hora de devolver-lhe o
favor. Jamais se perdoaria se algo acontecesse à amiga.
Jun percebeu que Eloise
enrijecera, que seus lábios haviam formado uma linha tênue.
– Está tudo bem? – ele
perguntou, segurando a mão dela.
– Está sim, me desculpe. –
Eloise soltou sua mão da dele, e segurou seu copo.
– Não está feliz por eles? – não
conseguiu se conter, afinal era difícil entender o que estava se passando na
cabeça de Eloise.
– Estou, claro que estou... mas
é que... é complicado. – suspirou.
– Okaasan, vai ficar tudo bem
com a Tia Jessie? – Harumi perguntou, curiosa, pois ouvira a conversa toda.
– Vai sim, meu anjo... mas acho
que ela precisa da mamãe. – um turbilhão de pensamentos brigava dentro de
Eloise, o dever de ajudar a amiga, sendo confrontado por seu orgulho. – Eu acho que preciso falar com ela.
– Elô. – Jun chamou-a – Vai
ficar tudo bem. Não se sinta obrigada a ir... nós podemos cuidar dela. Aiba
jamais deixaria que nada de ruim acontecesse a ela.
– Mas... você não entende... é
mais complicado do que parece. – suspirou – Sempre tive medo de que esse dia
chegasse e ela estivesse longe de mim.
– Você pode me dizer, afinal,
qual é o problema? – Jun impacientou-se, a curiosidade falando mais alto que os
bons modos.
Eloise contou tudo o que sabia
que podia acontecer, todo o transtorno que uma gravidez poderia trazer à amiga.
E principalmente, que Jéssika nunca soube se cuidar, sempre se esquecia dos
remédios. Seria realmente perigoso.
– De qualquer forma, minha
proposta está em pé... parece que o apartamento que o NEWS ZERO vai ceder é no mesmo prédio que o
dela, ou nas imediações.
O cérebro de Eloise ainda
travava uma batalha com os prós e os contras da viagem. Ao que tudo indicava,
os prós eram infinitamente maiores que os contras, mas seu orgulho ainda estava
pesando.
– Você ainda se lembra das
palavras que escrevi naquela carta, quando a deixei, há 5 anos? – ele podia
sentir que faltava pouco para que ela tomasse a decisão, e queria se certificar
de que fosse positiva.
– Acho que sim, por quê?
– Eu te ofereci minha amizade. Quero
te levar para perto de mim porque estou preocupado com você... e a Jéssika
também. – novamente pegou a mão de Eloise, e olhou-a ternamente – Não há mais
nada que te prenda aqui.
Eloise sentiu novamente os olhos
ardendo, engoliu as lágrimas automaticamente.
– Haru, você quer ir? – ela
perguntou, sabendo que a resposta da filha poderia sim, prendê-la ali.
– Mas é claro, okaasan! – a
pequena exclamou, piscando disfarçadamente para Jun.
– Eu não tenho dinheiro para ir agora. – disse, afinal.
– Encare como um empréstimo. –
ele sabia que ela tocaria nesse assunto – quando puder, me paga de volta, tudo
bem?
– Certo. – sorriu, incerta. – Preciso de 3 dias.
– Esqueça as questões
burocráticas, eu cuido disso. – sorriu. Ele já havia cuidado de tudo.
~~
– Masaki. – Jéssika chamou,
cutucando o ombro de Aiba. – Acorda, meu amor.
– Já? Eu queria ficar aqui mais
um pouquinho. – Aiba reclamou, apertando um pouco mais os braços em volta de
Jéssika.
– Tudo bem, vamos ficar mais um
pouquinho... é só que eu não consegui mais dormir. – ela sorriu.
– Verdade, né? Hoje é domingo! –
ele beijou a testa dela, com os olhos ainda fechados.
– Você acha que é o quê? –
perguntou, passando a mão sobre a barriga.
Era uma sensação tão nova, tão
estranha, ter alguém dentro de si, alguém que precisa de você, que se alimenta
de você, que cresce dentro de você... era tão mágico.
– Já disse, acho que é um menino
que vai jogar futebol com o Jun-kun todo final de semana. – sorriu, colocando
sua mão sobre a dela.
– Você vai querer se casar de
verdade? – Jéssika passou a mão sobre o peito dele, onde havia uma linha fina,
quase invisível – Sabe, com véu e grinalda...
– É claro, meu amor... Mas, se
você não quiser, não precisa.
– Você quer?
– Meus pais adorariam me ver
casando tradicionalmente... – sorriu.
– Se você realmente quer que eu
caiba em um kimono, deveria ser logo, não é?
– Certo, deixemos o kimono de
lado... acho que não é muito confortável.
– Estilo ocidental então?
– Certamente. – as ruguinhas que
se formavam ao redor de seus olhos se multiplicavam quando ele sorria.
– Então eu tenho que desenhar um
vestido. – animou-se – Será que a Elô vem?
– Jun prometeu. Ele não costuma
prometer o que não pode cumprir. – Aiba disse, jogando o edredom sobre suas
cabeças, e colando seus lábios aos de Jéssika.
Continua...
Quanto a fic: Ise-chan é muito boba kkkkk.... Mesmo tendo passado o q passou pela morte do amado... é uma oportunidade de 1 em 1 milhão..... e ainda podendo ficar perto da amiga querida nesse momento mágico e perigoso. Ela TEM que ir XD
ResponderExcluirP/ vc: Parabéns Ise-chan.... esse bloqueio q vc passou te ajudou a pensar bem no que escrever a final de contas ^^..... Ficou lindo d+++++++++++++ <3
Ela vai, Joice! Finalmente! :3
ExcluirAin, fico feliz que tenha gostado, Joice! :3
Elô, filhoooota! Este capítulo ficou com muito gostinho de "exijo logo o próximo!"!! Finalmente a Eloise aceitou ir com o Jun-pon!!! ;3
ResponderExcluirE a Jéssica e o Aiba??? Aawn ! Dá vontade de morder os dois!
A fic está cada vez mais linda e o capítulo foi emocionante! Shoreeei!
Mas já tá chegando o finaaaal ;((((
;***
Thatá, momis
Mamãe, estou escrevendo o próximo agorinha! :3
ExcluirAté eu estava me irritando com ela;
Jéssika e Aiba é amor demais <3
Chorou mesmo? O.o
É bom que o final chegue... tá com quase 1 ano já!
Arigatou por ler e comentar!