domingo, 3 de março de 2013

[Fanfic] Dear Sun - Capítulo 35





Capítulo 35

                Eloise só percebeu que estava sorrindo depois de passado algum tempo, no qual tudo parecia ter paralisado. Jun sustentava seu olhar, um sorriso igualmente estampado em sua face. Harumi segurou a mão da mãe e apenas ao sentir o calor vindo da filha, Eloise conseguiu desfazer o sorriso e mostrar sua melhor carranca.
                – O que está fazendo aqui? – ela disse, finalmente.
                Jun pareceu hesitar antes de responder, analisando a rápida mudança de expressão dela.
                – Vim vê-las. – sorriu ainda mais, ele sabia que não deveria mentir – Fiquei preocupado.
                – Não há motivos para preocupação, está tudo bem. – Eloise disse, puxando Harumi para perto de si ao perceber que Jun a observava.
                – Não minta pra mim. Eu sei tudo que aconteceu. – ele a olhou ainda mais profundamente – Sinto muito.
                – Não... não fale nada. – ela virou-se, puxando Harumi – Não é da sua conta.
                Eloise arrastou Harumi consigo, subindo a escadaria que levava à saída, sem nem olhar para trás. Ela sentia seus olhos ardendo, podia romper em lágrimas a qualquer momento, mas prometera que não iria mais chorar na frente da filha, então as engoliu e continuou puxando a menina firmemente.
                Só percebeu que Jun as alcançara quando este colocou sua mão sobre o ombro dela, ofegante.
                – A Jéssika... ela pediu pra eu te dizer uma coisa. – Jun disse, recuperando o fôlego da breve corrida escada acima.
                – Diga. – Eloise disse, cruzando os braços; a curiosidade e a preocupação com a amiga eram maiores que sua teimosia.
                – Okaasan, eu tô com fome! – Harumi interrompeu a troca de olhares dos dois, e andou até Jun, segurando sua mão. – Vamos almoçar juntos, tio Jun?
                Eloise encarou-a duramente e Harumi sabia elas teriam uma conversa séria em casa, mas não soltou a mão de Jun, que a olhava, perplexo.
                – Vamos! – insistiu, puxando-o.
                – Certo, vamos então. – Eloise cedeu, seguindo Harumi, que logo pegou a mão da mãe também.
                Os três andaram lado a lado até a saída do Parque, Harumi tendo a cada lado um deles, como se fossem uma família. Durante todo o percurso, o som permaneceu desligado, o silêncio carregado no interior do carro era quase palpável. Eloise foi até um restaurante onde costumava comer com Kenji e Harumi nos fins de semana, um lugar cheio de memórias.
                Jun certamente sabia que teria trabalho para convencer Eloise a ir com ele, mas não desistiria. Ele estava preparado para qualquer coisa e Harumi realmente o estava ajudando.
                Sem demonstrar dificuldade alguma com as palavras, Jun pediu seu prato e então olhou para Harumi, que sorria abertamente, e para Eloise, que mantinha a expressão fechada como uma barreira impenetrável e mordia o lábio inferior. Ele percebeu que ela fechara as mãos em punho e podia ver as veias roxas sob sua pele branquinha.
                – Certo. Tenho uma proposta. – decidiu que não adiantava dar voltas, ele teria que chegar nesse assunto em algum momento, e sentiu que aquele era o momento certo.
                – Não aceito. – ela respondeu imediatamente.
                – Mas nem ouviu o que é. – Jun reclamou, os lábios fazendo um beicinho.
                – Tenho alguns bons palpites...
                – Como pode saber se são bons?
                – Simplesmente sei.
                – Ao menos ouça. – Jun bebericou o refrigerante de guaraná em seu copo.
                – Tudo bem, vou ouvir... – cedeu.
                Jun contou que, ao descobrir o que havia acontecido, pedira ajuda aos amigos e logo havia conseguido todo o necessário para que elas tivessem boas condições de vida no Japão. Eloise fez menção em interrompê-lo várias vezes, mas ele continuava falando, ignorando a interrupção.
                – Tudo bem, não posso negar que é, no mínimo, uma boa. – Eloise admitiu.
                – E ainda vai poder me usar como babá nas horas vagas. Pode não parecer, mas tenho bastante folga.  – não era uma grande verdade a parte da folga, mas ele sabia que Eloise conhecia sua agenda apertada.
                Os pratos já estavam praticamente limpos quando Eloise lembrou-se de que Jun havia comentado sobre um recado de Jéssika. Certamente, ela jamais aceitaria o convite de Jun, por mais maravilhoso que lhe parecesse viver no Japão e ainda ter um emprego no NEWS ZERO.
                – Afinal, o que a Jessie pediu pra me dizer?
                – Ah sim, estava me esquecendo já. – Jun bateu em sua testa, enquanto era observado por mãe e filha. Notou que Eloise relaxara, as mãos estavam abertas sobre a mesa. – Ela aceitou o pedido.
                – Que pedido? – Eloise estranhou – Espera, aquele pedido?
                – Sim, eles vão se casar. – ele sorriu – Mais um motivo para vir...
                – Mas... como foi que ele a convenceu? A última vez que falei com ela, estava tão propensa a aceitar quanto estava quando ele pediu pela primeira vez.
                – É que surgiu um novo fator. – percebeu um leve sorriso formando-se nos lábios dela – Não é uma boa ideia afastar-se dos amigos, Elô.
                E então, Jun sorriu abertamente. Ele costumava pensar nela como Elô desde que começara a aprender português, mas nunca havia dito em voz alta.
                – O que aconteceu? – Eloise ignorou o novo apelido, movida pela curiosidade.
                – Eu realmente não deveria contar... O ideal seria que ela mesma te dissesse, mas não vou conseguir me conter. – bebericou novamente – Ela está grávida.
                À menção daquela palavra, Eloise lembrou-se de uma conversa que acontecera há muito tempo, quando ainda eram adolescentes imaturas, muito antes de Harumi nascer.
               
– Sabe, eu sinto aquela coisa... aquela vontade de ser mãe. – Eloise estava sentada aos pés de sua cama, Jéssika ao seu lado – Mas sei que não posso, tenho sonhos... sou consciente quanto a isso.
                – É bom que seja, afinal somos muito novas, não é? – Jéssika sorriu – Tenho até medo do dia que eu engravidar.
                – Por quê?
                – Vai ser um transtorno... vou ter que fazer um monte de tratamentos, se não, não vou aguentar. Você sabe, a talassemia.

Ao lembrar-se disso, Eloise sentiu um arrepio percorrer seu corpo e pensou no quanto Jéssika a ajudara. Ela sabia, era a hora de devolver-lhe o favor. Jamais se perdoaria se algo acontecesse à amiga.
                Jun percebeu que Eloise enrijecera, que seus lábios haviam formado uma linha tênue.
                – Está tudo bem? – ele perguntou, segurando a mão dela.
                – Está sim, me desculpe. – Eloise soltou sua mão da dele, e segurou seu copo.
                – Não está feliz por eles? – não conseguiu se conter, afinal era difícil entender o que estava se passando na cabeça de Eloise.
                – Estou, claro que estou... mas é que... é complicado. – suspirou.
                – Okaasan, vai ficar tudo bem com a Tia Jessie? – Harumi perguntou, curiosa, pois ouvira a conversa toda.
                – Vai sim, meu anjo... mas acho que ela precisa da mamãe. – um turbilhão de pensamentos brigava dentro de Eloise, o dever de ajudar a amiga, sendo confrontado por seu orgulho.  – Eu acho que preciso falar com ela.
                – Elô. – Jun chamou-a – Vai ficar tudo bem. Não se sinta obrigada a ir... nós podemos cuidar dela. Aiba jamais deixaria que nada de ruim acontecesse a ela.
                – Mas... você não entende... é mais complicado do que parece. – suspirou – Sempre tive medo de que esse dia chegasse e ela estivesse longe de mim.
                – Você pode me dizer, afinal, qual é o problema? – Jun impacientou-se, a curiosidade falando mais alto que os bons modos.
                Eloise contou tudo o que sabia que podia acontecer, todo o transtorno que uma gravidez poderia trazer à amiga. E principalmente, que Jéssika nunca soube se cuidar, sempre se esquecia dos remédios. Seria realmente perigoso.
                – De qualquer forma, minha proposta está em pé... parece que o apartamento que o  NEWS ZERO vai ceder é no mesmo prédio que o dela, ou nas imediações.
                O cérebro de Eloise ainda travava uma batalha com os prós e os contras da viagem. Ao que tudo indicava, os prós eram infinitamente maiores que os contras, mas seu orgulho ainda estava pesando.
                – Você ainda se lembra das palavras que escrevi naquela carta, quando a deixei, há 5 anos? – ele podia sentir que faltava pouco para que ela tomasse a decisão, e queria se certificar de que fosse positiva.
                – Acho que sim, por quê?
                – Eu te ofereci minha amizade. Quero te levar para perto de mim porque estou preocupado com você... e a Jéssika também. – novamente pegou a mão de Eloise, e olhou-a ternamente – Não há mais nada que te prenda aqui.
                Eloise sentiu novamente os olhos ardendo, engoliu as lágrimas automaticamente.
                – Haru, você quer ir? – ela perguntou, sabendo que a resposta da filha poderia sim, prendê-la ali.
                – Mas é claro, okaasan! – a pequena exclamou, piscando disfarçadamente para Jun.
– Eu não tenho dinheiro para ir agora. – disse, afinal.
                – Encare como um empréstimo. – ele sabia que ela tocaria nesse assunto – quando puder, me paga de volta, tudo bem?
– Certo. – sorriu, incerta. – Preciso de 3 dias.
                – Esqueça as questões burocráticas, eu cuido disso. – sorriu. Ele já havia cuidado de tudo.
               
~~
                – Masaki. – Jéssika chamou, cutucando o ombro de Aiba. – Acorda, meu amor.
                – Já? Eu queria ficar aqui mais um pouquinho. – Aiba reclamou, apertando um pouco mais os braços em volta de Jéssika.
                – Tudo bem, vamos ficar mais um pouquinho... é só que eu não consegui mais dormir. – ela sorriu.
                – Verdade, né? Hoje é domingo! – ele beijou a testa dela, com os olhos ainda fechados.
                – Você acha que é o quê? – perguntou, passando a mão sobre a barriga.
                Era uma sensação tão nova, tão estranha, ter alguém dentro de si, alguém que precisa de você, que se alimenta de você, que cresce dentro de você... era tão mágico.
                – Já disse, acho que é um menino que vai jogar futebol com o Jun-kun todo final de semana. – sorriu, colocando sua mão sobre a dela.
                – Você vai querer se casar de verdade? – Jéssika passou a mão sobre o peito dele, onde havia uma linha fina, quase invisível – Sabe, com véu e grinalda...
                – É claro, meu amor... Mas, se você não quiser, não precisa.
                – Você quer?
                – Meus pais adorariam me ver casando tradicionalmente... – sorriu.
                – Se você realmente quer que eu caiba em um kimono, deveria ser logo, não é?
                – Certo, deixemos o kimono de lado... acho que não é muito confortável.
                – Estilo ocidental então?
                – Certamente. – as ruguinhas que se formavam ao redor de seus olhos se multiplicavam quando ele sorria.
                – Então eu tenho que desenhar um vestido. – animou-se – Será que a Elô vem?
                – Jun prometeu. Ele não costuma prometer o que não pode cumprir. – Aiba disse, jogando o edredom sobre suas cabeças, e colando seus lábios aos de Jéssika.

Continua...

4 comentários:

  1. Quanto a fic: Ise-chan é muito boba kkkkk.... Mesmo tendo passado o q passou pela morte do amado... é uma oportunidade de 1 em 1 milhão..... e ainda podendo ficar perto da amiga querida nesse momento mágico e perigoso. Ela TEM que ir XD

    P/ vc: Parabéns Ise-chan.... esse bloqueio q vc passou te ajudou a pensar bem no que escrever a final de contas ^^..... Ficou lindo d+++++++++++++ <3

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    1. Ela vai, Joice! Finalmente! :3

      Ain, fico feliz que tenha gostado, Joice! :3

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  2. Elô, filhoooota! Este capítulo ficou com muito gostinho de "exijo logo o próximo!"!! Finalmente a Eloise aceitou ir com o Jun-pon!!! ;3
    E a Jéssica e o Aiba??? Aawn ! Dá vontade de morder os dois!

    A fic está cada vez mais linda e o capítulo foi emocionante! Shoreeei!
    Mas já tá chegando o finaaaal ;((((

    ;***

    Thatá, momis

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    1. Mamãe, estou escrevendo o próximo agorinha! :3
      Até eu estava me irritando com ela;

      Jéssika e Aiba é amor demais <3

      Chorou mesmo? O.o
      É bom que o final chegue... tá com quase 1 ano já!

      Arigatou por ler e comentar!

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