quinta-feira, 29 de agosto de 2013

[Fanfic] Maboroshikutemo - Capítulo 6



Capítulo 6 - Ashita no Kyoku
               
                Enquanto dirigia até o hospital, Yuuki deixou escorrer as lágrimas que contera frente à Jun. Eram lágrimas de pânico em vê-lo naquela situação, e em parte, de alívio por tê-lo ajudado. Quando a ambulância chegou a casa dele, Jun em momento algum soltou a mão de Yuuki. Ela pôde ver que ele estava com dor, mas mais que isso, com medo.
                Antes de entrar no hospital, tratou de acalmar-se. Limpou as lágrimas e retocou a maquiagem, mantendo sua fachada impassível. Demorara tempo demais para construir essa imagem, e esse era o momento em que mais precisava mantê-la.
                Uma hora inteira se passara desde que se sentara num dos desconfortáveis sofás da sala de espera, quando um médico veio em sua direção.
                – Você é Maeda Yuuki? – ele aproximou-se mais, falando baixinho.
                – Hai... – Yuuki respondeu, levantando-se.
                – Matsumoto-san disse que estaria aqui. – o médico sorriu.
                – Sensei, como ele está? – assim que ouviu o nome de Jun, não pôde se conter.
                – Está medicado. – informou, parecendo cansado.
                – Eu posso vê-lo? – as perguntas saíam por sua boca antes que se desse em conta.
                – Venha comigo. – o médico virou-se em direção ao corredor de onde viera – Ele passou por uma série de exames e diagnosticamos pneumonia .
                – Ele vai ficar bem? – Yuuki sentiu uma pontada de pânico.
                – Certamente. Veremos como o quadro dele evolui. – parou em frente a um quarto – Mas devo adiantar que a recuperação necessita repouso. Não o acorde, ele precisa descansar.
                – Sensei, suponho que o senhor saiba que precisamos de sigilo absoluto, não? – Yuuki segurava a maçaneta, pensando na reação da imprensa.
                – Hai. Todo o corpo médico foi devidamente orientado. – sorriu – Mais tarde eu volto para ver como ele está.
                Observou-o seguir até o fim do corredor e então entrou no quarto. Uma máscara de oxigênio cobria parte da face de Jun. Yuuki aproximou-se, e com um movimento delicado, afastou os cabelos da testa dele.
                A imagem que tivera dele era de uma pessoa ambiciosa e fria, focado em seu objetivo e pronto para derrubar qualquer um que entrasse em seu caminho. Vê-lo naquela situação a deprimia.
                Inconscientemente, colocou sua mão sobre a dele e começou a praguejar em mandarim. Sentiu-o apertar seus dedos e viu que seus olhos estavam semiabertos.
                – Pare de xingar. – Jun murmurou, a voz abafada pela máscara.
                – Volte a dormir. – ela sussurrou, soltando a mão dele e sentando-se na poltrona ao lado da cama.
                – Arigatou. – ele sussurrou de volta, fechando os olhos novamente.

                Yuuki acabou adormecendo ali mesmo, e acordou com o dia amanhecendo, o corpo dolorido pela noite mal dormida. Com o susto da noite anterior, ela se esquecera de avisar ao chefe. Levantou-se num salto e seguiu até a porta, detendo-se por um segundo, para observá-lo dormir profundamente. Saiu alisando a saia com as mãos e discando apressada, o número de Johnny Kitagawa.
                Entrando em seu carro, Yuuki informou ao chefe sobre o internamento de Jun, evitando os detalhes sobre como entrara em sua casa e o encontrara. Ele pediu que ela seguisse para a empresa depois de se lavar, que ele passaria no hospital, ver a situação.
                No caminho para casa, Yuuki ouviu o celular tocar. Parou no acostamento e revirou a bolsa em busca do aparelho. Não era o seu que tocava. Retomou a busca e tirou um iPhone branco de dentro da bolsa. Só podia ser de Jun, que ela colocara sem querer na bolsa, no meio da confusão do dia anterior.
                – Hai, Maeda desu. – atendeu, sem pestanejar.
                – Maeda-san? – Aiba estranhou, olhando em seu celular se havia ligado certo – Por que está com o celular do MatsuJun?
               
                Aiba usava boné, óculos escuros e máscara descartável enquanto esperava pelos outros. Sho fora o primeiro a chegar, seguido por Nino e Ohno, todos igualmente disfarçados. Num momento como este, o ideal era não chamar a atenção.             
                – Ano... Será que ele não vai ficar bravo? – Aiba falou baixinho, enquanto esperavam pelo elevador.
                – Se ele vai ou não, não importa. – Sho sussurrou – Agora já estamos aqui.
                – Mas e se ele ficar bravo? – Aiba repetiu, entrando no elevador.
                – Masaki, ele não vai ficar bravo. – Nino acalmou-o – Acho que ele ficaria bravo se não viéssemos.
                – Kazu tem razão. – Ohno sorriu.
                Os quatro seguiram até a recepção, e ainda disfarçados, perguntaram por Jun. As atendentes entreolharam-se e disseram que não havia ninguém com esse nome ali. Tiraram as máscaras e os óculos discretamente e apresentaram-se aos sussurros. Com os olhos arregalados, uma das atendentes informou-os o quarto em que Jun estava e em qual direção deveriam seguir.
                – Viram as caras delas? – Nino riu, andando a frente dos outros.
                – Foi engraçado. – Sho ajeitou o boné – Nunca perde a graça, né Riida?
                – Hai. – Ohno concordou, mas parecia preocupado – Minna, vai ser difícil agora.
                – Ele vai ficar bom logo, Riida. – Aiba tentou tranquilizá-lo e deu alguns tapinhas nas costas de Ohno, mas não conseguia disfarçar sua própria preocupação.
                – Olha, aquele não é o quarto dele? – Sho apontou para uma porta de onde saía um médico.
                – Deve ser. – Nino deu de ombros.
                – Sensei! – Aiba apressou o passo para alcançar o médico.
                – Hai? – o médico virou-se, observando os quatro.
                – Arashi no Aiba Masaki desu. – Aiba curvou-se – Como ele está?
                O médico hesitou por alguns segundos, até que Aiba tirasse novamente os óculos e abaixasse a máscara.
                – Ele está respondendo bem aos medicamentos. – sorriu – A febre cedeu.
                – Sensei, ele vai ficar bem? – Aiba insistiu.
                – Não se preocupe! Ele é jovem e forte, vai ficar bem sim. – o médico falou, confiante, e afastou-se em seguida.
                – Estamos entrando! – Nino falou, enquanto abria a porta, sem cerimônia.
                Com os olhos semiabertos, Jun assustou-se ao vê-los entrar. A máscara de oxigênio havia sido retirada e ele respirava com alguma dificuldade ainda.
                – O que estão fazendo aqui? – Jun falou baixinho.
                – Exatamente o que parece. – Nino começou, sorrindo – Viemos ver como está.
                – Estou com sono. – Jun sorriu.
                – Riida, deve ser algo muito sério! – Nino sussurrou para Ohno – Ele está até brincando!
                – Estou com sono, mas não estou surdo! – Jun reclamou, ajeitando-se na cama.
                – Mau humor detectado. – Nino analisou – Ele está bem.
                Os outros riram, inclusive Jun.
                – Mas como foi que descobriram? – Jun ainda tinha um sorriso nos lábios.
                – Eu liguei pra você e a Maeda-san atendeu. – Aiba contou, ainda preocupado, mas tentando manter a atmosfera calma.
                – Eeeeeeeh?! Meu celular está com ela? – Jun estranhou.
                – Ela disse que deve ter colocado sem querer na bolsa, ontem, na confusão com a ambulância.
                – Faz sentido. – Jun lembrou-se da expressão dela ao entrar no quarto e não pôde deixar de se sentir envergonhado pela maneira como se agarrara à mão dela.
                – Então, ela nos falou que estava aqui. – Aiba continuou.
                – Só isso? – o sangue subiu todo para as bochechas de Jun, ruborizando.
                – Hai. Tinha mais alguma coisa? – Nino sorriu, debochado.
                – Ah, iie. – Jun negou veementemente.
                Antes que Sho pudesse dizer qualquer coisa, seu celular tocou e ele saiu discretamente.
                – Hai, Kumiko-san? – Sho atendeu, fechando a porta atrás de si e abafando a conversa.
                – Minna, hontou ni gomenasai. – Jun falou. Era a primeira vez, em quase 14 anos, que sentia que realmente deveria se desculpar pelo transtorno que estava causando.
                – Daijobu, Matsumoto. – Nino sorriu, lembrando-se das vezes em que Aiba ficara hospitalizado e da maneira que Jun se desdobrava para cobrir os compromissos dele.   
                – Não se desculpe! Só fique bom logo! – Aiba falou, lembrando-se do que Jun dissera a ele, menos de dois anos atrás, quando ficara internado pela última vez.
                – Se esforce para ficar bom! – Ohno sorriu, enquanto Sho entrava novamente no quarto.
                – Ano...Matsumoto, temos que ir. – Sho não conseguia esconder sua apreensão – Voltamos mais tarde.
                Jun sabia que outra reunião havia sido marcada para reorganização das agendas e os outros deveriam se desdobrar ainda mais para cobrir Jun. Ele lembrou-se de quando Aiba ficara doente, e de como todos raramente conseguiam tempo para dormir enquanto ele não estava 100% recuperado.
                – Arigatou por virem! – Jun falou, alto o suficiente para que todos o ouvissem enquanto deixavam o quarto.
                – Gambatte! – Aiba exclamou, fechando a porta atrás de si.

                – Sho-chan, ele se desculpou! – Aiba contou, ainda surpreso com a atitude de Jun.
                – Hontou? – Sho ficou boquiaberto.
                – E agradeceu por virmos também. – Ohno observou.
                – Vindo dele, é estranho né? – Sho comentou, seguindo até seu carro – Riida vem comigo?
                – Hai. – Ohno seguiu-o. Como não tinha carteira de motorista, invariavelmente pegava carona com um deles, ou tomava um taxi.
               
                Após a saída dos quatro, Jun finalmente rendeu-se aos remédios e caiu no sono novamente. Seu quarto quase parecia uma estação de trem: Yuuki saíra com o dia amanhecendo, ele nem pôde vê-la; Johnny Kitagawa estivera ali cedo, assim que Jun havia acordado, e como este ainda estava com a máscara de oxigênio, o chefe disse algumas palavras sobre cuidar de sua saúde e saiu em seguida.
                Depois de ignorar por completo a comida que lhe fora servida no almoço, Jun lembrou-se de seu celular. Chamou a enfermeira, e com um sorriso amarelo no rosto, pediu se ela poderia arrumar um telefone para ele. Poucos minutos depois, a jovem enfermeira voltou para o quarto com seu próprio celular em mãos e entregou para ele, pedindo para chamar quando terminasse de usar, e deixando o quarto em seguida.
                Jun discou o próprio número, e aguardou. Chamou até cair.
                – Pega meu celular e nem me atende! – praguejou, enquanto discava novamente.
                Hai, Maeda desu. Yuuki atendeu no segundo toque.
                – É assim que atende o celular dos outros? – Jun rosnou, um sorriso involuntário em seu rosto.
                – Matsumoto-san! – exclamou.
                – Eu mesmo. – grunhiu – Vai trazer meu celular de volta? – o que ele realmente queria saber, era se ela viria vê-lo novamente, mas seu orgulho jamais permitira que admitisse isso.
                – No fim do dia – começou – se tudo correr bem. – deu um longo suspiro – Precisa de alguma coisa?
                –  Iie, arigatou. – sorriu – Só do meu celular mesmo.
                – Então, matta ne. – desligou.
                Devolveu o celular à enfermeira, exibindo outro largo sorriso e depois deixou que sua mente vagasse até que pegasse no sono novamente. Acordou com o médico checando o medicamento no soro e em seguida, Nino e Aiba chegaram.
                – Mas já voltaram? – Jun sorriu ao vê-los ali.
                – São quase nove da noite! – Aiba constatou, olhando em seu relógio de pulso.
                – Nem percebi que dormi por tanto tempo. – Jun reclamou.
                – É normal dormir bastante. – Nino zombou – Lembra do Aiba-chan?
                – Um dos pré-requisitos para um doente profissional é dormir muito. – Aiba sorriu – Medicamento forte dá sono mesmo.
                – Hum. Mas e aí, como foi hoje? – Jun não conseguiu esconder a curiosidade.
                – Tivemos algumas reuniões e decidimos adiar algumas gravações. Nós não podemos fazer sem você, então, trate de melhorar! – Nino comentou.
                – Gomenasai. – Jun sussurrou.
                – Ei! Nunca pediu desculpas na vida! Não vá gastar todas elas agora! – Aiba brincou, colocando uma sacola sobre a cama – Toma, algumas revistas e mangás pra você ler.
                – E aqui, meu DS. – Nino entregou para Jun – Cuide dele com sua vida, e me devolva depois!
                – Kazu, você nem joga mais nesse! – Aiba constatou.
                – Não importa! É meu e eu quero de volta. – Nino rosnou para Aiba.
                – Eu devolverei inteiro. Arigatou, minna! – Jun sorriu.
                Mesmo com sua personalidade ruim, os outros o estavam tratando do mesmo modo que trataram Aiba quando este adoecera. Talvez eles o vissem como um amigo, afinal. Era tocante isso, considerando que eles trabalhavam como doidos durante todo o dia e ainda davam um jeito de cuidar dele durante a noite.
                Logo, os dois se despediram e deixaram o quarto, prometendo voltar no dia seguinte. Jun queria estar acordado quando Yuuki chegasse, para que pudesse, ao menos, agradecê-la direito, então, abriu o DS e começou a tentar jogar com a mão boa.
                – Poxa, que falta de consideração, Kazu! – Jun resmungou, percebendo que jamais conseguiria jogar com uma mão só, mesmo que fosse a direita.
                Sorriu, largando o DS e abrindo um dos mangás de Aiba. Era o último volume de um shonen que ele acompanhava, então, jogou-se na leitura. Mesmo que estivesse sem lentes, seu problema era para enxergar longe, portanto, conseguia ler perfeitamente. Quando estava nas últimas páginas, uma enfermeira mais velha entrou no quarto e aplicou a medicação novamente.
                – Hora de dormir – a enfermeira sussurrou baixinho, saindo do quarto.

                Quando Yuuki chegou ao quarto, Jun tinha o mangá aberto sobre seu peito, vários travesseiros atrás das costas, de modo que estava quase sentado e dormia profundamente. Ela retirou alguns travesseiros, deitou um pouco mais a cama, fechou o mangá, tomando o cuidado de marcar a página, e cobriu-o melhor.
                Passara em casa antes de vir, e como sabia que acabaria dormindo por ali, tomou um banho e comeu algo. Ele parecia bem melhor sem a máscara de oxigênio, e sua respiração parecia mais uniforme, o que a tranquilizou.
                Novamente, afastou o cabelo dos olhos dele, e depois de uma boa olhada, sentou-se na poltrona desconfortável, retirando os sapatos e soltando os cabelos. Em poucos minutos pegou no sono, observando a respiração irregular de Jun.
                Saiu com dia clareando, observando-o ressonar calmamente, e lembrando-se de deixar o celular sobre a mesa de cabeceira.

                No segundo dia, Sho trouxe revistas, jornais, alguns livros; Ohno trouxe uma revista de pesca, contando alegremente sobre uma das matérias que lera; Nino tentou provar para Jun como era possível jogar com uma só mão, falhando miseravelmente e Aiba trouxe outros mangás, visto que Jun lera todos. Johnny Kitagawa voltara, pedindo que não deixasse sua saúde de lado, e que se esforçasse para ficar bom, porque o Arashi precisava dele.
                Jun não sabia se Yuuki viria novamente, mas ele tinha certeza de que ela havia dormido ali, na noite passada também. Ele sentiu que ela o arrumava na cama, mas não conseguira nem abrir os olhos. Ele ouviu quando ela saiu, pela manhã, mas tampouco conseguiu acordar. Torceu para que ela viesse novamente e pediu para que deixassem um cobertor sobre a poltrona.
                Folheava uma das revistas de economia que Sho trouxera, quando a enfermeira velha entrou novamente, e aplicou a medicação. Quando ela disse “Hora de dormir”, Jun sorriu, pensando que, como dormira ainda mais nesse dia que no anterior, o medicamento não o afetaria tão rapidamente.
               
                Yuuki passara o dia todo pensando se deveria ir e, por fim, resolveu que não conseguiria dormir em casa. Não conseguia nem explicar o motivo, mas sentia que deveria dormir com ele no hospital. Ao chegar, deparou-se com ele na mesma situação que no dia anterior, e cuidadosamente arrumou-o na cama.
                Havia um cobertor sobre a poltrona em que dormira nas duas noites anteriores e tratou de puxá-lo sobre si. Os dois últimos dias haviam sido terríveis na Johnnys e a calmaria do hospital a agradava. Observar o peito de Jun subindo e descendo a acalmava e novamente adormeceu olhando para ele.
                Quando saía do quarto, ao amanhecer, topou com uma senhora no corredor. Tinha mais de 50 anos, certamente, mas parecia muito nova, e era muito bonita. Sua face estava marcada por linhas de preocupação, e andava rapidamente em direção ao quarto de Jun.
                Antes que saísse do hospital, seu celular tocou estridente.
                – Hai, Maeda desu. – atendeu.
                – Yuuki, cubra sua face! Não deixe que ninguém te veja! – Johnny falou, nervoso – E venha para minha casa. Não vá para a JE!
                – Tio, o que aconteceu? – Yuuki estranhou, mas puxou os óculos de sol da bolsa e colocou em sua face, atendendo ao pedido do chefe.
                – Yuuki, vazou para a mídia. Estão todos atrás de você. – ele parecia apavorado – Você está nas capas de todas as revistas.

                Continua...


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